Estudantes da UFRGS organizam ações para ‘sair da bolha’ e conversar com eleitores de ‘porta em porta’

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Luís Gomes
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DCE da UFRGS realizou ato contra Bolsonaro e para organizar mobilização de campanha para o segundo turno | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Luís Eduardo Gomes

O resultado das eleições realizadas no último domingo foi marcado por uma grande vitória de Jair Bolsonaro (PSL) e seus aliados, especialmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Na esteira de um crescimento apontada pelas pesquisas realizadas na semana anterior ao pleito, a disputa presidencial quase consagrou o capitão da reserva ainda no primeiro turno. Um resultado que, se por um lado assustou os movimentos sociais ligados à esquerda, por outro se transforma em um chamado de mobilização para lidar com a urgência da hora.

Foi com o horizonte de unir forças para ir além do que foi feito até agora, que entidades representativas de estudantes de graduação, de pós-graduação, de funcionários e de professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) se reuniram sob a marquise do Viaduto do Brooklyn, no Centro de Porto Alegre. Na ordem do dia: “sair da bolha universitária e ir panfletear nas paradas de ônibus, onde estão as pessoas que estão ouvindo que o Bolsonaro é a solução”, como definiu uma representante do Diretório Central de Estudantes (DCE) da universidade.

Gabriela Silveira, coordenadora do DCE, destaca que o objetivo do ato “Estudantes contra Bolsonaro” foi formalizar a criação de um comitê de mobilização com as diversas entidades que compõe o público interno da UFRGS e estão na mobilização contra a eleição de Jair Bolsonaro.

Estudantes preencheram fichas para se cadastrarem no comitê | Foto: Guilherme Santos/Sul21

A ideia é construir uma agenda conjunta de mobilização, que inclui a realização de “panfletaços” em locais de grande circulação de pessoas em Porto Alegre, mas também indo de “porta em porta”, além de atuação nos meios digitais, especialmente no WhatsApp, o principal canal de mobilização da campanha do PSL até o momento. Estiveram representados no ato, além do DCE, representantes da associação de funcionários (Assufrgs), de pós-graduandos (APG) e uma das representações de professores (Andes).

Gabriela afirmou em sua fala de abertura do ato que o que une as entidades é uma campanha contra o “ódio e o fascismo” e mesmo que muitos das centenas de presentes não tivessem em Fernando Haddad (PT) o seu candidato preferido, “qualquer voto que não seja nele é eleger Bolsonaro”. “Todo mundo aqui tem que estar unido em defesa democracia”, disse.

Durante o ato, diversas falas destacaram que a agenda “ultra liberal” proposta pelo economista Paulo Guedes, focada em privatizações e no corte de gastos públicos, pode levar ao sucateamento ou até ao fim da universidade pública. Apesar de mais moderado que o seu principal assessor econômico nesse sentido, o próprio Bolsonaro já disse quando questionado sobre o tema da educação que iria investir menos recursos no ensino superior.

Ato reuniu centenas de estudantes sob o viaduto do Brooklyn | Foto: Guilherme Santos/Sul21

As falas também lembraram da sequência de ações violentas cometidas por eleitores de Bolsonaro contra pessoas identificadas com mensagens contra o seu candidato favorito e em defesa de Haddad. O nome do capoeirista Mestre Moa do Katendê, morto no último domingo, foi entoado em várias oportunidades. A estudante vítima de um ataque de um grupo neonazista na Cidade Baixa nesta terça-feira (9) também foi lembrada. “O Bolsonaro representa a gente ter medo de andar na rua”, disse uma estudante de Química em sua fala. “É contra isso que a gente tem que ir pras ruas, entregar panfletos, conversar com nossos familiares, conversar com os nossos colegas”.

Elisabete Búrigo, diretora do Andes, foi uma das falas a lembrar a jovem agredida e a pedir punição aos agressores e a movimentos que estão promovendo violência política nos últimos dias. “Eles não podem dar nenhum passo a mais”, disse.

A professora ponderou que nunca poderia ter imaginado que o Brasil iria ser tomado por uma onda conservadora da magnitude da que atingiu as eleições do último domingo. “Eu faço parte daquela geração que derrotou a ditadura na rua. Mas nós não nos tivemos força e não conseguimos punir os torturadores. Esses canalhas que agora falam pela voz de Bolsonaro”.

Um novo ato com a participação dos estudantes e de movimentos intitulados “antifascistas” está convocado para às 18h desta quinta-feira (11), na Esquina Democrática, também no Centro.

Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21

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