Atores simulam cenas de tortura para alertar população sobre riscos do autoritarismo

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Sul 21
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Ação conjunta em diversas capitais alerta para riscos que a democracia corre | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Débora Fogliatto

Em uma ação chamada “Dia da Verdade – para o Brasil não ser manchado de sangue”, que ocorreu de forma simultânea em todo o País, atores de grupos teatrais simularam cenas de tortura no Largo Glênio Peres, no centro de Porto Alegre. A encenação foi uma iniciativa de diversos movimentos sociais, partidos, correntes de pensamento político e de democratas independentes, preocupados com a possibilidade de um governo autoritário ser instalado caso Jair Bolsonaro (PSL) vença as eleições, ou de uma tomada de poder forçada por ele caso perca.

As encenações aconteceram às 17h em Salvador, Aracaju, Belo Horizonte, Brasília, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre e Natal. Dentre as pessoas que passavam pelo Largo Glênio Peres durante a atuação, algumas demonstravam estranhamento, choque e confusão diante das cenas.

Na cena, uma mulher ensanguentada sofria uma simulação de tortura em um “pau de arara”, enquanto um homem era “afogado” em um balde com água e outro estava sentado numa cadeira com um saco preto na cabeça. Homens de terno e óculos de sol, com cassetetes na mão, representavam os torturadores. Em certo momento, três pessoas com sacos pretos na cabeça e os peitos manchados de sangue foram levadas amarradas por um dos “torturadores”.

Havia ainda manequins envoltos em sacos de lixo e uma instalação em formato de suástica no Largo. Atrizes vestidas de branco também falavam os nomes de vítimas da ditadura, cujas fotos estavam em um cartaz também na cena. Uma faixa questionava “esse é o país que você quer para o futuro?”, enquanto outra afirmava que isso pode vir a acontecer em um governo de Bolsonaro.

Apresentação teatral sobre os desaparecidos e mortos na ditadura militar ocorreu no Largo Glênio Peres | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Falas de Bolsonaro

Bolsonaro já fez diversas referências positivas ao coronel Brilhante Ustra, um dos mais famosos torturadores da época da ditadura civil-militar brasileira, inclusive quando defendeu o impeachment da então presidenta Dilma Rousseff (PT), ela própria torturada nos anos 1970. O candidato também já afirmou que o erro do regime ditatorial “foi torturar e não matar”. No domingo (21), ele ameaçou seus opositores dizendo que irá realizar uma “faxina” que será “muito mais ampla”.

“A faxina agora será muito mais ampla. Essa turma, se quiser ficar aqui, vai ter que se colocar sob a lei de todos nós. Ou vão pra fora ou vão para a cadeia. Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria”, ameaçou Bolsonaro, que mais uma vez combinou um suposto discurso patriótico com exaltação violenta contra adversários políticos. “Essa pátria é nossa. Não é dessa gangue que tem uma bandeira vermelha”, disse.

Galeria de fotos:

Foto: Guilherme Santos/Sul21
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