Últimas Notícias > Política > Areazero
|
24 de maio de 2018
|
12:54

Desabastecimento: Confira o que já foi afetado pela greve dos caminhoneiros

Por
Sul 21
[email protected]
Posto de gasolina no Centro Histórico de Porto Alegre com bombas já desabastecidas. Foto: Joana Berwanger/Sul21

Da Redação

Mesmo com grandes expectativas, a reunião entre o governo federal e lideranças dos protestos de caminhoneiros terminou sem acordo na quarta-feira (23). A paralisação da categoria continuou por todo país, causando crises de abastecimento pela dificuldade do transporte de cargas. Às 14h desta quinta-feira (24), um novo encontro entre os representantes e o governo deverá acontecer no Palácio do Planalto.

A reunião de quarta-feira foi a primeira desde o início da greve – que teve as primeiras paralisações na segunda-feira (21). Os motoristas exigem a isenção total dos impostos cobrados sobre os combustíveis. Em coletiva após o encontro com o governo, o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (ABCam), José da Fonseca Lopes, afirmou que “o grande problema que o país está atravessando, não só com o caminhoneiro, é o problema do combustível. Tá muito caro, aumenta a cada dia. No caso do transportador autônomo, precisa tirar os penduricalhos, que são o PIS/Cofins e a Cide [impostos]”.

Leia mais:
Famurs propõe que municípios paralisem equipamentos que utilizam combustíveis
Protesto de caminhoneiros já causa desabastecimento em São Paulo

Ainda assim, a Petrobras anunciou que irá reduzir em 10% o preço do litro do diesel a partir desta quinta-feira. A medida terá duração de 15 dias, com expectativa de impacto de cerca de R$ 0,25 ao consumidor final. Após o período, o valor normal será retomado gradativamente.

Segundo dados da associação, 270 bloqueios ocorrem simultaneamente em rodovias de 22 estados do Brasil. Roraima, Amazonas, Amapá, Acre e Rio Grande do Sul são os únicos estados que não registraram interdições com bloqueio total. Até a tarde de quarta-feira, o movimento estimava paralisação de 400 mil caminhoneiros – o dobro do que foi contabilizado na segunda-feira.

Em alguns postos de Porto Alegre, a gasolina se manteve entre R$ 4,75 e R$ 4,95. Foto: Joana Berwanger/Sul21

O governo se comprometeu, na terça-feira (22), a eliminar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre o preço do diesel. Ainda há a incidência dos tributos federais PIS/Pasep e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). No caso do diesel, os impostos federais equivalem a 13% do valor final que é vendido nos postos. Para a  gasolina, esses tributos somados correspondem a 16% de seu preço final. A expectativa dos caminhoneiros é que a eliminação dos tributos gere uma redução média de R$ 0,60 por litro de combustível.

Um acordo chegou a ser feito em torno do pedido do governo federal de uma trégua de três dias. Não haverá interrupção da greve, mas até a sexta-feira (25), os caminhoneiros deverão permitir a circulação de produtos perecíveis, carga viva, medicamentos e oxigênio hospitalar.

No entanto, relatos de filas nos postos de gasolina e falta de mercadorias se tornaram recorrentes nos últimos dias em todo o país. Em Porto Alegre, transportes públicos operam em horários reduzidos e o aeroporto tem operado com os níveis de reserva de combustíveis. Confira outras áreas da cidade que foram ou podem ser afetadas pela greve:

Recolhimento do lixo 

Na BR-290, próximo a entrada de Butiá, caminhoneiros interrompem o transporte dos resíduos domiciliares que saem de Porto Alegre para Minas do Leão, onde há um aterro para armazenamento dos detritos. Segundo a Secretaria de Serviços Urbanos, a coleta ainda ocorre normalmente na quinta-feira (24). O transbordo dos aterros na capital, no entanto, só poderá ser controlado até o final da manhã.

Segundo a secretaria, técnicos já estão reunidos para pensar em alternativas. Outro problema, no entanto, é o abastecimentos dos veículos que fazem as coletas. A secretaria afirma que as empresas responsáveis pela coleta garantem que ainda têm recursos para realizar o serviço, o que não impactaria a coleta seletiva que é destinada para centros de triagem.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), não há previsão de liberação da BR-290 para transportes de carga.

Farmácias 

A reportagem contatou algumas farmácias no Centro Histórico de Porto Alegre. Todas afirmaram que ainda não há riscos de desabastecimento. No entanto, a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), divulgou uma nota em que aponta para casos de falta de produtos de saúde básicos em redes pelo país. “Um dos principais problemas referem-se aos medicamentos termolábeis, que devem ser mantidos refrigerados e necessitam de temperatura estável até o seu destino final – algo impossível de ser garantido com um veículo travado nas estradas”, aponta a associação.

Reconhecendo a legitimidade da greve, eles apelam para a coordenação do movimento que não prejudique o acesso a medicamentos.

Alimentos 

A Ceasa/RS (Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul) divulgou uma nota afirmando que está sendo afetada pela greve em sua comercialização. “O desabastecimento no setor atacadista chegou a níveis alarmantes nesta quarta-feira”, aponta a entidade. Ainda segundo nota, o setor dos produtores deverá sofrer um desabastecimento significativo até o final da semana, podendo deixar Porto Alegre e a região metropolitana sem produtos.

Transporte público 

A Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan) autorizou que as empresas de ônibus intermunicipais da Região Metropolitana passem a operar com a tabela horária de sábado nos horários de menor movimento.

Em nota, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) informou que nos horários de maior circulação – na manhã, até as 8h30min, e à tarde, das 17h às 19h30min – os coletivos operarão normalmente. Depois desse horário, as linhas funcionarão apenas de hora em hora.

Postos de gasolina 

Em postos com reservas, filas de carros se tornaram frequentes. Foto: Joana Berwanger/Sul21

Na manhã de quarta-feira, motoristas bloquearam o acesso à refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas. Ela é responsável pelo abastecimento de diversas cidades gaúchas e de outros estados do Sul do país.

Com preços em torno dos R$ 4,75 e R$ 4,95 para a gasolina comum, postos da avenida Getúlio Vargas já acumulam filas de carros para abastecer que dobram a quadra. Em outros pontos da cidade, como na avenida João Wallig, postos também recebem alto fluxo de motoristas.

Na Borges de Medeiros, dois postos já estão sem combustível. O mesmo ocorre na avenida Túlio de Rose. Segundo a Sulpetro (Sindicato intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes no Rio Grande do Sul), os postos geralmente têm capacidade de armazenamento de dois dias.

Correios

As entregas foram suspensas temporariamente de serviços como Sedex 10, Sedex 12 e Sedex Hoje. Em comunicado, a estatal informou que assim que o tráfego nas rodovias for normalizado “a empresa reforçará os processos operacionais para minimizar os impactos à população”.

Aeroporto 

No final da tarde de quarta-feira, a administradora do Aeroporto Salgado Filho informou que haveria a possibilidade de impacto da greve nos voos a partir da quinta-feira. Segundo a nota, o aeroporto já está operando com seus níveis de reserva de combustíveis e as consequências para os voos dependerá do tempo de duração dos estoques.

No Aeroporto de Brasilia, sua empresa administradora determinou que apenas irão decolar aeronaves que não possuem necessidade de abastecimento no terminal. A decisão foi tomada em conjunto com as companhias aéreas, empresas de fornecimento de combustível e órgãos responsáveis durante reunião convocada pela Inframerica na tarde desta quarta-feira (23).


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora