Lucas Rohan
As aulas na rede pública de ensino do Rio Grande do Sul serão retomadas na próxima segunda-feira ( 7) depois da paralisação dos professores motivada pelo anúncio do 20º parcelamento de salários dos servidores estaduais. A greve começou no início da semana, após o governo Sartoni anunciar o depósito de R$ 650 na conta dos trabalhadores, e foi suspensa nesta sexta-feira (4), com a avaliação de que respondeu à indignação da categoria.
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Cerca de 2 mil professores lotaram o Centro de Eventos da Casa do Gaúcho, em Porto Alegre, desde o início da tarde. Com bandeiras e gritos de guerra contra os governos Sartori e Temer, os educadores se revezaram em um microfone avaliando os quatro dias de paralisação na volta às aulas.
Divididos, os educadores associados ao Cpers precisaram votar duas vezes para extrair o resultado. Na primeira tentativa, pelo sistema tradicional no qual os participantes levantam seus crachás para indicar o voto, houve protestos pedindo a contagem quando a vitória da suspensão seria anunciada pela presidente da entidade. Helenir Aguiar Schürer, então, mandou instalar as urnas e os votos foram contatos um a um, totalizando 1.015 pela suspensão e 705 pela continuidade da greve.
“É um recuo estratégico para fortalecer uma greve que virá e virá maior”, afirmou Helenir ao final da assembleia. Para a presidente do Cpers, suspender a greve foi uma “resposta inteligente”. “Todos nós sabemos que, no mês que vem, se houver encontro das folhas de pagamento do Estado, é greve por mais tempo”, completou.
Primeira votação sobre continuidade da greve dos professores foi inconclusiva e @Cpersoficial coloca urnas para contar votos pic.twitter.com/IE0BWqpDs5
— Sul21aovivo (@sul21aovivo) 4 de agosto de 2017
Ao aprovar a suspensão do movimento, os professores também concordaram com uma série de oito propostas de mobilização para o mês de agosto. Nas próximas cinco sextas-feiras, as aulas na rede estadual serão apenas até o horário do recreio e o restante do tempo será preenchido com “aulas-cidadãs” com temas variados organizadas pelo sindicato.
Os professores também concordaram em coletar assinaturas para pedir o fim da criminalização dos movimentos sociais e da repressão por parte das polícias e já marcaram nova reunião do Conselho Geral para o dia 25 de agosto, quando será discutida novamente a possibilidade de deflagrar greve a partir de setembro.
Para a presidente da entidade, a greve desta semana foi convocada no calor do momento para atender a uma indignação dos servidores por causa do anúncio do novo parcelamento de salários e, “para se sustentar o movimento precisa de uma construção com a comunidade”. Apesar disso, Helenir Aguiar Schürer, avaliou como “forte” e “importante” o movimento desta semana. Sobre a divisão dentro do sindicato, Helenir creditou aos opositores que recentemente perderam a eleição interna para a diretoria da entidade e ainda não aceitaram a derrota.
A presidente do sindicato dos professores não poupou críticas ao governador José Ivo Sartori e ao presidente Michel Temer e afirmou que o parcelamento dos vencimentos dos servidores acontece “não por falta de dinheiro, mas por estratégia política”.
Questionada sobre a possibilidade do recuo do Cpers ser visto como desmobilização, visto que acontece numa semana de crise política aguda em termos nacionais, a presidente do Cpers rejeitou qualquer comparação. “Eu não fiz nenhum movimento para que ele (Temer) fosse para lá, portanto eu acho que é responsabilidade de quem o colocou lá”, afirmou Helenir, citando “os patos” e “as camisetas da CBF”.
Confira fotos da Assembleia Geral do Cpers realizada nesta sexta-feira.