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10 de março de 2017
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18:41

Trabalhadores da Corsan decidem aderir à paralisação contra reforma da Previdência no dia 15

Por
Luís Gomes
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Trabalhadores da Corsan fizeram caminhada e ato político diante do Piratini | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Luís Eduardo Gomes

Em assembleia realizada na manhã desta sexta-feira (10) na Casa do Gaúcho, em Porto Alegre, servidores da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) decidiram aderir à paralisação do dia 15 de março contra a reforma da Previdência, convocada por centrais sindicais. De acordo com o Sindiágua-RS, sindicato que representa a categoria, a decisão foi aprovada por unanimidade pelos cerca de mil trabalhadores que participaram do evento.

O Sindiágua diz que o abastecimento à população no dia 15 não será afetado pela paralisação, uma vez que será mantido um contingente mínimo para garantir a prestação de serviços essenciais.

A assembleia teve como pauta principal o acordo coletivo da categoria, que vence em abril. No entanto, os trabalhadores também discutiram uma agenda política, de apoio à luta contra a reforma, e de protesto contra o governo do Estado e a atual gestão da Corsan. Apesar das negativas do governo Sartori de que a companhia pode entrar na lista de empresas estatais a serem privatizadas ou federalizadas, os servidores temem que a empresa esteja sendo preparada para isso. Outra luta da categoria é contra a terceirização das atividades-fim da Corsan, o que já estaria sendo proposto em cidades como Santa Cruz do Sul.

Assembleia do Sindiágua lotou a Casa do Gaúcho na manhã desta sexta | Foto: Maia Rubim/Sul21

De acordo com Arílson Wunsch, secretário-geral do Sindiágua, a gestão atual da Corsan vem adotando uma série de resoluções internas para “engessar” os trabalhadores, o que acaba piorando a qualidade dos serviços prestados à população. “Estão deixando os funcionários sem condições de trabalho, cortando horas extras e fazendo os servidores trabalharem o mínimo possível. Na contrapartida, deixamos a sociedade sem serviço. Aí vem a solução mágica: a terceirização. Também somos contra as horas extras, mas que se contrate novas pessoas”, afirma.

Na assembleia, foi lançada a campanha “Sartori, tire as tuas garras da Corsan”. Após o evento, os trabalhadores partiram em caminhada na direção do Palácio Piratini, onde foi realizado um ato político contra a possibilidade de privatização.

O ato também incluiu uma caminhada até a sede da Corsan em Porto Alegre, em protesto contra a atual direção da companhia. Segundo Wunsch, além do engessamento, há problemas de falta de autonomia de chefias de unidade. “Tudo depende da sede em Porto Alegre. Os trabalhadores estão vendo o que está acontecendo e decidiram fazer uma caminhada contra isso”, afirma.

Os trabalhadores redigiram um manifesto para entregar ao diretor-presidente da Corsan, Flávio Presser, com críticas à atual gestão. Confira a íntegra a seguir.

Trabalhadores temem que a empresa possa ser privatizada | Foto: Maia Rubim/Sul21

Manifesto dos trabalhadores e trabalhadoras da Corsan

Os trabalhadores e Trabalhadoras da Corsan, vem através do presente documento registrar seu descontentamento pelas inúmeras ações que a atual gestão da Companhia vem tomando em relação à seus funcionários.

Tais medidas vem gerando clima de revolta, que em nada contribui para o bom andamento da prestação do bom serviço de saneamento pelo qual a Corsan é historicamente conhecida pelo povo gaúcho.

Medidas de simples solução, como o fornecimento de vale-transporte, autorização de horas extraordinárias realmente necessárias em todos os setores, a incerteza de receber pelo trabalho realizado, entre outras inúmeras situações, estão gerando desavenças entre os funcionários e chefias, que sem autonomia, acabam apelando para táticas de assédio moral, o que infelizmente vem se tornando uma prática costumeira em nossa Companhia.

Além do mais, a alteração do contrato de trabalho, com a implantação da resolução 027/2016 – GP poderá gerar inúmeros processos trabalhistas, o que acreditamos não ser o objetivo do governo do Estado através da direção da Corsan. O SINDIÁGUA/RS e os trabalhadores da Corsan não tem interesse algum em acionar a Companhia na justiça.

Ainda, temos a questão dos trabalhadores e trabalhadoras que atuam na área do tratamento de água e esgoto, que estão sendo proibidos de laborarem por mais de 06 horas diárias, para não gerar passivo trabalhista, contrariando o previsto no ACT, na cláusula específica do Turno de Revezamento. Os erros na implantação dos intervalos, a insistência em manter Estações de Tratamento ligadas com operadores realizando seus respectivos intervalos, o risco de desbastecimento nas populações, são alguns dos problemas que estão sendo criados pela atual gestão pela exclusiva FALTA DE DIÁLOGO.Alertamos que os chefes de todo o estado estão dizendo que essa ORDEM veio de cima e tem que
cumprir.

O SINDIÁGUA/RS reitera sua posição de estar sempre aberto para a construção de saídas que venham a somar para o benefício desta companhia, que é PATRIMÔNIO DO POVO GAÚCHO, e que possui mais de meio século de história.

Direções passam, e os trabalhadores e trabalhadoras permanecem, doando seus esforços e construindo seus sonhos dentro da Corsan. O autoritarismo nunca rendeu sementes, muito menos frutos duradouros.

Neste momento em que iniciamos mais uma CAMPANHA SALARIAL, registramos nosso REPÚDIO aos atos relatados acima, solicitando que a Direção da Corsan reveja sua conduta para com os funcionários de carreira desta Companhia para que tenhamos um profícuo trabalho na negociação de nosso Acordo Coletivo de Trabalho.

Confira mais fotos: 

Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21

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