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18 de março de 2017
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20:54

Em assembleia, funcionários do Banrisul alertam: federalizar é o mesmo que privatizar

Por
Sul 21
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Everton Gimenis, presidente do SindBancários: “No dia 22, temos que ter muito mais gente do que hoje aqui na nossa assembleia nacional, na Assembleia Legislativa”. (Foto: Guilherme Santos/SindBancários)

Da Redação (*)

O auditório da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul (Fetrafi-RS) ficou lotado, neste sábado (18), na Assembleia Nacional dos Banrisulenses que reuniu funcionários do Banrisul de várias regiões do Estado e do país para a luta em defesa do banco público. Com a participação de deputados estaduais e federais, bancários do setor privado e dirigentes sindicais, o encontro deu o tom do tamanho da mobilização da categoria para o ato de instalação da Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul Público, no auditório Dante Barone, da Assembleia Legislativa, marcado para quarta-feira (22), às 18h.

Além da mobilização para defender o banco, os bancários aprovaram moções de repúdio às políticas de austeridade, privatizações e retiradas de direitos dos governos de José Ivo Sartori (PMDB) e Michel Temer (PMDB), e aprovaram por aclamação uma carta dos trabalhadores e trabalhadoras do banco público à sociedade gaúcha. Os deputados estaduais Adão Villaverde e Zé Nunes, proponente e coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul Público na Assembleia Legislativa, o deputado federal Henrique Fontana, e o presidente da Central Única dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul (CUT-RS), Claudir Nespolo, também participaram da assembleia.

O presidente do SindBancários, Everton Gimenis, reafirmou a  importância da mobilização dos banrisulenses neste momento e da participação no ato de instalação da Frente Parlamentar na Assembleia. “No começo do governo Sartori, quando falamos em privatização do Banrisul, nos chamavam de alarmistas. No dia 22, temos que ter muito mais gente do que hoje aqui na nossa assembleia nacional, na Assembleia. Precisamos botar povo na rua. Vinte e quatro deputados já assinaram a Frente. Mas tem muitos em cima do muro. Se a gente lotar o Dante Barone, vamos pressionar ainda mais para assinaturas”, assinalou.

Para Gimenis, uma janela de oportunidades se abriu para manter o Banrisul público a partir da tese do encontro de contas entre o que o Estado deve para a União (cerca de R$ 50 bilhões) e o que tem de créditos da Lei Kandir a receber (aproximadamente R$ 43 bilhões). “Sartori não vai ter coragem de pagar a exigência do Temer que é vender o Banrisul. Tem os créditos da Lei Kandir para receber. O que eles querem é ideológico. Reduzir o Estado e remunerar os grandes empresários com benefícios fiscais e afrouxar na sonegação. O Sartori desde o início do governo prega o caos, mas não busca outras soluções para a crise a não ser extinguir fundações e vender as empresas públicas”, criticou o presidente do SindBancários.

Mauro Salles, diretor da Contraf-CUT, da Fetrafi-RS e do SindBancários, Mauro Salles disse que há sinais de uma mudança no cenário político. “Tem muita má notícia para os trabalhadores deste país a cada dia vindo dos governos federal e estadual. Estou sentindo um cheiro de virada na opinião pública. Mas ainda falta muito para isso. Temos que entender o que está ocorrendo neste país. Esta ofensiva das elites é articulada. Foi feita para se apropriar dos fundos públicos do país e reduzir os direitos trabalhistas para remunerar o grande capital”, afirmou.

Para o diretor da Fetrafi-RS, Carlos Augusto Rocha, a recorrência das notícias da venda do Banrisul e de outras empresas públicas como a CEEE, a Corsan, a CRM, a Sulgás ocorrem com governos estaduais alinhados com interesses empresarias e sem compromisso com a população. “Este é um momento da vida nacional, da vida dos estados e principalmente do RS em que precisamos estar atentos e mobilizados para defender o patrimônio público”, defendeu.

Deputado Zé Nunes, coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul: “venda seria um erro que arriscaria o futuro de muitos empreendimentos urbanos e rurais no Estado”. (Foto: Guilherme Santos/ SindBancários)

Diretora da Fetrafi-RS e funcionária do Banrisul, Denise Falkenberg Corrêa, destacou a importância econômica e social do Banrisul ao longo de sua história de 88 anos. “A grande maioria dos correntistas do Banrisul ganha até três salários mínimos. O Banrisul tem uma importância fundamental no combate à desigualdade. Muitos nos acusam de corporativistas. Estamos aqui para defender nossos direitos de trabalhadores, o que é muito importante, mas para além disso. Estamos também como cidadãos preocupados com o rumo que está tomando a nossa conjuntura. O Rio Grande do Sul já é um Estado mínimo. E a pergunta que fica é: o que melhorou? Nada”, afirmou.

Proponente e coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul Público, o deputado estadual Zé Nunes (PT) disse que o governador José Ivo Sartori sabia muito bem da situação das finanças do Estado quando assumiu, uma vez que a crise fiscal vem de muito tempo. “É preciso compreender que o governo do estado está carregado de um ideário de querer construir uma solução num viés fiscal, do corte, da privatização”, destacou. E acrescentou: “O governo quer convencer a sociedade de que este (a venda de estatais) é o único caminho. Fizemos um debate de dois anos sobre quais os caminhos a serem tomados. Alguém ouviu falar que o governo do estado apresentou um projeto de combate à sonegação? Não tem iniciativa neste sentido, porque o governo tem compromisso com setores que serão atingidos pelo aperto na sonegação e nos inventivos fiscais.”

Para o deputado, a venda do Banrisul seria um erro que arriscaria o futuro de muitos empreendimentos no Estado. “Esse banco representa uma ferramenta importantíssima de desenvolvimento do Estado, com programa de microcrédito para pequenos agricultores, programas para agricultura, de renda e inclusão. O Banrisul está no foco da ação privatista do governo Sartori e do governo Temer. Federalizar é a mesma coisa que privatizar”, concluiu.

Agenda de mobilização

Segunda-feira, 20

Caravanas por agências do Banrisul na Região Metropolitana e em todo o  Estado para mobilização à participação no Ato de Instalação da Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul Público na Assembleia Legislativa, na quarta-feira (22).

Quarta-feira, 22

11h: Concentração na Praça da Alfândega, em frente à Agência Central do Banrisul, no Centro Histórico de Porto Alegre, para participação em Esquenta do SindBancários para o Ato de Lançamento da Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul Público na Assembleia Legislativa.

13h: Transmissão ao vivo do programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba, com participação dos jornalistas Juremir Machado da Silva e Taline Optiz, na Praça da Alfândega em frente à Agência Central do Banrisul.

16h: Início do credenciamento no Auditório Dante Barone, da Assembleia Legislativa, para o Ato de Instalação da Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul Público.

18h: Início do Ato de Instalação da Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul Público no Auditório Dante Barone da Assembleia Legislativa.

Carta à sociedade gaúcha

Leia abaixo a íntegra do documento aprovado na assembleia nacional realizada neste sábado, em Porto Alegre:

CARTA DOS (DAS) BANRISULENSES À SOCIEDADE GAÚCHA 

As trabalhadoras e trabalhadores do Banrisul, reunidos em Assembleia Nacional nesta Capital, neste dia 18 de março, vêm a público convocar a sociedade riograndense para que se engaje na nossa luta em defesa do grande banco gaúcho.

O Banrisul foi fundado em 1928 pelo então presidente do Estado Getúlio Vargas com o propósito de fomentar o desenvolvimento da economia do Estado. A instituição cumpriu esse papel rigorosamente ao longo de sua existência, firmando importantes parcerias com prefeituras e servindo todos os setores da economia.

O Banco exerce a tarefa fundamental de ser o agente financeiro do funcionalismo público estadual e de um grande contingente de funcionários públicos municipais.

O Banrisul está presente em 98,5% do território do Rio Grande do Sul, com 536 agências e 698 postos de atendimento espalhados em 347 municípios, sendo que em 96 cidades é o único banco disponível. A instituição fomenta o desenvolvimento da agricultura, sobretudo familiar, de pequenas e médias empresas e constitui uma excelente ferramenta para os programas do governo estadual, a exemplo do microcrédito praticado na gestão anterior à de Sartori. Além disso, trata-se de um banco sólido e lucrativo, com patrimônio líquido de R$ 6,7 bilhões e que registrou lucro de R$ 643,5 milhões em 2016.

Mesmo com toda essa gama de serviços prestados ao povo gaúcho, seguidamente o Banrisul se vê ameaçado de privatização, às vezes mascarada de federalização. Isso já ocorreu nos governos de Antonio Britto e Yeda Crusius.

Agora, a ameaça de vem volta com muita força, posto que o projeto de governo do Sartori é o mesmo de Antonio Britto. Ou seja, tem foco no estado mínimo, com venda total das estatais e a liquidação de todas as demais instituições que prestam serviços à comunidade, vide o que fez com as fundações.

Por todo o acima exposto, pedimos que os gaúchos e as gaúchas abracem essa causa, não permitindo que o governador Sartori cometa mais esse equívoco de acabar com este importante instrumento da nossa economia.

(*) Com informações do SindBancários.



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