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24 de março de 2017
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16:36

Cpers faz escracho diante da casa de Sartori em Porto Alegre

Por
Luís Gomes
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Cpers realizou escracho em frente à residência do governador José Ivo Sartori, na zona sul de Porto Alegre | Foto: Maia Rubim/Sul21

Luís Eduardo Gomes

Em greve desde o dia 15 de março, o Centro de Professores do Estado do RS (Cpers) realizou na manhã desta sexta-feira (24) um protesto diante do prédio em que o governador José Ivo Sartori (PMDB) mora na zona sul de Porto Alegre, próximo ao Barra Shopping Sul. Durante o ato, que começou por volta das 8h30 e se estendeu até as 10h15, os manifestantes pediram a saída do governador e protestaram contra o governo federal, especialmente contra a reforma da Previdência e a terceirização irrestrita, aprovada esta semana pela Câmara de Deputados com apoio da base de Temer.

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Luiz Veronese, vice-presidente do sindicato, explicou que o ato desta sexta faz parte de uma decisão do Conselho Geral do sindicato de fazer protesto diante da residência de políticos estaduais e federais. “Infelizmente, eles têm péssimo desempenho no Estado todo”, disse.

Ele diz ainda que a decisão de realizar escrachos diante da casa de autoridades faz parte da agenda de manifestações decidida pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que comanda uma paralisação nacional de professores. “Primeiro, queremos dizer que somos contra a reforma da Previdência e, segundo, que não aceitamos a política que o Sartori está fazendo. Não é só a questão da educação, as estradas estão cada vez piores, vivemos uma insegurança diária e em contrapartida disso o governo está nomeando CCs e repassando bilhões para as grandes empresas. De um lado, nós apertamos os cintos e, de outro, afrouxamos para as grandes empresas”, pondera.

Segundo Veronese, a greve dos professores está sendo trabalhada de forma diferente este ano. Apesar de parte das escolas ao redor do Estado estarem totalmente paralisadas, a maior mobilização da categoria esse ano tem o sentido de realizar manifestações diárias e semanais, alternando as regiões e fazendo a denúncia nas bases eleitorais de deputados aliados aos governos Sartori e Temer. “É uma greve de resistência e movimentos”, diz.

Manifestantes ocuparam as pistas da Av. Diário de Notícias apenas durante o sinal vermelho | Foto: Maia Rubim/Sul21

Ana Paula Rosa Fonseca, merendeira da escola estadual Osmar da Rocha Grafulha, de Pelotas, e representante do 24º núcleo do Cpers, afirma que a greve em Pelotas já atinge 70% da categoria. “Temos várias escolas fechadas e outras parciais. Não tem nenhuma escola que não exista greve em Pelotas e na região”, garante.

Recentemente, os trabalhadores em educação da região também fizeram escrachos diante da casa dos deputados estaduais Pedro Pereira (PSDB) e Catarina Paladini (PSB), em Pelotas, além de manterem uma banca permanente na cidade para dialogar com o restante da população sobre a reforma da Previdência e terem realizado, no último dia 15, uma grande manifestação contra a proposta do governo federal.

Para o protesto desta sexta, o Cpers convocou os seus 42 núcleos a enviarem ao menos dois representantes cada. Com apoio de um carro de som, os manifestantes optaram por não bloquear o trânsito em nenhum momento, apenas ocupar a pista para exibir faixas pedindo “Fora, Sartori” quando o sinal fechava. Com palavras de guerra como “Desocupa aí, fora Sartori, do Piratini” alternando com cantos de “Fora, Temer”, foram recebidos com buzinaços e apoio de muitos motoristas. Outros, porém, como de costume, aceleravam bruscamente assim que o sinal abria, ainda que a interrupção do trânsito fosse mínima e a EPTC e a Brigada Militar, que acompanhava o ato à distância, sequer tenha feito menção de interferir.

Professora Inae Macedo levou as filhas para o ato | Foto: Maia Rubim/Sul21

Ao todo, pelo menos 100 pessoas protestaram contra o governo. Uma delas era a professora Inae Macedo, da escola Ildo Meneghetti, na Restinga, que, segundo ela, já foi arrombada mais de 20 vezes somente esse ano. “Eu vim para o ato com as minhas filhas para lutar contra a reforma da Previdência porque elas vão ser prejudicadas futuramente. Estou aqui na luta também contra o parcelamento do salário e contra a terceirização do funcionalismo, que afeta diretamente a nossa categoria e todo o trabalhador brasileiro”, diz.

Segundo ela, a escola ficou destruída depois de tantos ataques e está tentando se reerguer com apoio da comunidade e doações. Ela lembra que o governador disse que ia depositar R$ 35 mil para a escola. “Só que esse dinheiro ainda não chegou. Estamos até agora esperando”, disse.

O ato do Cpers foi acompanhado de perto por duas viaturas da Brigada Militar e por agentes da EPTC. Curiosamente, quando os manifestantes já recolhiam seus instrumentos e bandeiras, mais duas caminhonetes da polícia chegaram, logo deixando o local. Um morador que estava próximo ironizou: “Para isso tem polícia”. Já alguns vizinhos do governador discutiram com os manifestantes, alegando que a culpa pela situação do Estado não era deles e reclamando especialmente de pichações feitas na calçada e na ciclovia que passa em frente ao local.

Notificação da Prefeitura

No final da amanhã, a assessoria de imprensa da Prefeitura informou que o prefeito Nelson Marchezan Jr. (PSDB) determinou que a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) notifique o Cpers pela pichação feita na ciclovia. Segundo a Prefeitura, a pintura da ciclovia tinha sido refeita recentemente a pedido dos moradores da região.

Confira mais fotos do ato: 

Foto: Maia Rubim/Sul21
Foto: Maia Rubim/Sul21
Foto: Maia Rubim/Sul21
Foto: Maia Rubim/Sul21
Foto: Maia Rubim/Sul21
Foto: Maia Rubim/Sul21
Foto: Maia Rubim/Sul21

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