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7 de janeiro de 2017
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17:42

Morre aos 92 anos o ex-presidente de Portugal, Mário Soares

Por
Sul 21
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A vida de Mário Soares se confundiu com a história recente de Portugal | Foto: FraLiss/Wikipedia

Da Redação

“O primeiro presidente dos portugueses”, segundo a capa do Diário de Notícias. “O rosto maior da democracia portuguesa”, na definição do jornal Público. Assim os diários portugueses definiram hoje Mário Soares, no anúncio de seu falecimento, aos 92 anos. O ex-presidente de Portugal estava hospitalizado desde o dia 13 de dezembro no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa. Segundo a agência Lusa, ele entrou em estado crítico depois de sofrer uma indisposição, agravada pela morte da mulher Maria Barroso, com quem se casou ainda na prisão durante a ditadura.

O nome de Mário Soares está gravado junto a segunda metade do século XX em Portugal. Fundador do Partido Socialista, Soares militou contra a ditadura do Estado Novo de Salazar, foi preso 12 vezes, deportado à São Tomé e Príncipe e exilado na França. Seu retorno a Portugal ocorreu três dias depois da revolução do 25 de abril de 1974, junto ao “Comboio da Liberdade”. Ocupou cargos nos governos pós-revolução, encarregado inclusive do dossiê da descolonização. Foi eleito duas vezes Primeiro-Ministro, em 1976 e 1983, e duas vezes Presidente do país, em 1986 e 1991. Sua reeleição foi a maior votação já recebida por um presidente português: 3 460 381 votos, equivalente a 70,40% dos votos válidos.

Saindo do governo, Soares se tornou membro do Conselho de Estado, foi eleito Deputado do Parlamento Europeu e em 2005,  ainda tentou voltar a corrida presidencial, mas acabou em terceiro lugar com 14% dos votos. Dois anos depois, o ex-presidente assumiu como presidente da Comissão de Liberdade Religiosa, trabalhou com a UNESCO e recebeu título de doutor honoris causa de sua alma-mater, a Universidade de Lisboa.

Mário Soares também foi amigo íntimo de Leonel de Moura Brizola. Expulso do Uruguai, o líder trabalhista encontrou exílio em Portugal graças a Soares e ao Comitê de Anistia português. Na Europa, Brizola se aproximou de lideranças socialistas internacionais. No mesmo período, Brizola lançou sua Carta de Lisboa, refundando o Partido Trabalhista do Brasil e abraçando questões raciais, pelos direitos de negros e indígenas. O ex-presidente português aparece em um documentário em homenagem a Brizola e o definiu, à época de sua morte, em 2004, como “homem de um só rosto, uma só fé e de uma integridade moral admirável”.

A despedida de Soares está prevista para durar 3 dias, com cerimônias no Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa, e na Câmara Municipal da capital portuguesa, além de cortejo oficial. Como o ex-presidente se identificava como alguém laico, não haverá cerimônias em capelas ou igrejas.


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