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6 de janeiro de 2017
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16:43

Convivendo com ‘cachoeiras’ a cada chuva, direção teme que teto da escola Paula Soares possa cair

Por
Luís Gomes
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Imagem feita pela diretora da escola Paula Soares durante chuvarada nesta semana | Foto: Arquivo Pessoal

Luís Eduardo Gomes

Uma escola localizada ao lado do Palácio Piratini talvez seja o símbolo mais claro da precariedade de condições da rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul. No colégio Paula Soares, a cada chuva, alunos e professores são obrigados a conviver com a água dentro das salas de aula, formando verdadeiras “cachoeiras” – como mostram os vídeos publicados abaixo. Um andar inteiro já foi interditado e a direção da escola teme que o teto possa cair antes que a reforma, já licitada pelo governo do Estado, comece.

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Em maio de 2016, a reportagem do Sul21 visitou a escola Paula Soares para entender os motivos que levaram alunos a ocupá-la. Na época, ouviu-se relatos de goteira constantes, enchentes em dias de chuva, corrimão que dá choque, banheiros interditados, buracos em salas de aula. De lá para cá, após uma intervenção pontual de um eletricista, cessaram os relatos de que alunos tomaram choques ao pegar no corrimão. O problema das chuvas, porém, só se agravou.

“A situação está ainda mais precária do que na época das ocupações”, relata a diretora da escola, Genecy Godois Segala.

O volume de água que, já vertia dentro das salas de aula, aumenta em cada nova chuva, passando a escorrer inclusive para os andares inferiores. Engenheiros da Secretaria da Educação (Seduc) visitaram o local e decidiram interditar o terceiro e último andar até que fosse realizada uma reforma no teto e na parte elétrica, também em situação precária.


 

Em razão da interdição do terceiro andar, que tem sete salas de aula, outras sete salas dos andares intermediário e inferior foram divididas ao meio com parede de plástico de 2 metros de altura. Segundo Genecy, inicialmente a 1ª Coordenadoria Regional da Educação (CRE) sugeriu que os alunos fossem realocados, mas, em reunião com a comunidade escolar, pais decidiram, por unanimidade, manter seus filhos na escola, o que levou à solução de colocar duas turmas em uma mesma sala.

A expectativa era de que a divisão de salas fosse uma solução provisória, mas acabou sendo utilizada durante todo o restante do ano letivo, o que acabou gerando transtornos. “Significa que uma turma faz barulho e atrapalha a outra. Uma turma está fazendo trabalho em dupla e outra fazendo prova”, diz.

Os cerca de 850 alunos da escola devem seguir tendo aulas nessas condições até o próximo dia 12, quando se concluirá a recuperação dos 26 dias letivos perdidos durante a ocupação do Paula Soares (entre 14 de maio e 22 de junho).

Da lateral da escola é possível ver os fundos do Palácio Piratini | Foto: Joana Berwanger/Sul21

Genecy afirma que, desde julho, vem recebendo informações desencontradas da Seduc sobre o início da reforma. Inicialmente, a informação era de que começaria em outubro. “Depois, disseram que iniciaria em novembro, depois, em dezembro, e até agora, nada”, relata.

De acordo com a Seduc, o processo licitatório para a contratação da reforma já foi concluído e a empresa vencedora deverá assinar o contrato nos próximos dias. A obra prevê a reforma do telhado e da rede elétrica e o investimento será de aproximadamente R$ 486 mil. Após o início, a empresa terá 120 dias para concluir o trabalho.

Enquanto a reforma não começa, a situação vem piorando a cada nova chuvarada, segundo a diretora. “Está chovendo aqui dentro como na rua. Ontem [quinta-feira], choveu durante dez minutos e deu uma cachoeira”, conta, acrescentando ainda que, mesmo no andar intermediário, que é considerado “seguro”, cada nova chuva tem causado mais transtornos.

Escola já convivia com graves problemas estruturais em maio | Foto: Joana Berwanger/Sul21

Problemas antigos

Genecy afirma que os problemas estruturais na escola, que completará 90 anos em 2017, são antigos. A última grande reforma no local teria sido feita no início dos anos 90. Desde então, apenas pequenas intervenções. “Tem um andaime que fica eternamente no terceiro andar porque sempre tinha que subir no telhado”, conta.

Forro do teto está em situações precárias e vazando água |Foto:  Arquivo Pessoal

O problema, porém, se agravou com o forte temporal que atingiu a cidade no final de janeiro de 2016, provocando graves danos ao telhado e ao teto da escola. A diretora afirma que, quem olha para o teto, tem a impressão de que o forro de madeira está prestes a cair. Os representantes da escola já teriam inclusive questionado engenheiros da Seduc sobre os impactos de uma eventual queda do teto, o que, segundo eles, a princípio, não causaria danos à estrutura dos andares inferiores.

Em junho, durante as negociações entre o governo do Estado e os estudantes para a desocupação das escolas, a Seduc se comprometeu a liberar verbas para a realização das reformas. Para a Paula Soares, chegaram R$ 100 mil, o que é insuficiente para a reforma necessária. Esta verba será utilizada para reformas no refeitório e na cantina da escola, que também se encontram em situação precária e já foram interditados por 30 dias, neste ano, pela vigilância sanitária. Esta reforma também teria previsão de ser iniciada ainda antes do início do próximo ano letivo.

 

 

 

Confira mais fotos: 

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

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