Últimas Notícias > Geral > Areazero
|
1 de dezembro de 2016
|
10:34

Liderando incidência de Aids entre capitais pelo 10° ano, Porto Alegre promove ações nesta quinta

Por
Sul 21
[email protected]
Prefeitura da Capital montará espaço na Paraça da Alfândega para informações e ações de prevenção|Foto: Cristine Rochol/PMPA
Prefeitura da Capital montará espaço na Paraça da Alfândega para informações e ações de prevenção|Foto: Cristine Rochol/PMPA

Da Redação

Sem o impacto e a repercussão de sua chegada ao Brasil, nos anos 1980, a Aids continua sendo uma doença com capacidade de propagação tão grande nos dias atuais quanto à época do seu surgimento no país. A diferença é que atualmente a epidemia não é tratada com tanta ênfase e visibilidade sobre os riscos de contaminação e nem se investe da mesma forma em campanhas de prevenção. As ações de mobilização contra a doença, normalmente, ficam limitadas ao Dia Mundial de Luta contra a Aids, 1º de dezembro, e ao Carnaval. Por isso, nesta quinta-feira, haverá diversas atividades de prevenção, principalmente em Porto Alegre.

Leia mais:
Aids no RS: ONGs e poder público não se entendem e epidemia avança
Aids: os riscos do conservadorismo e da falta de investimento em saúde pública

Silenciosamente, a epidemia continua a se espalhar no Estado e país, embora algumas regiões apresentem uma tendência de queda ou de estabilidade nos números. Os últimos dados do Ministério da Saúde, divulgados nesta semana, apontam 634.051 casos de Aids no Brasil, no período de 2000 a junho de 2016. De acordo com os números do Ministério da Saúde, a Região Sul registrou uma leve tendência de queda de 7,4%, passando de 30,1 casos por 100 mil habitantes em 2006 para 27,9 em 2015. O Rio Grande do Sul apresentou, de 2007 a junho de 2015, 11.888 casos de HIV notificados. Já os casos de Aids detectados no  período de 2000 a junho de 2016 no Estado chegaram a 70.243.

Os dados apontam, ainda, que Porto Alegre continua como a Capital e cidade com as taxas mais altas de incidência de Aids no Brasil nos últimos 10 anos, correspondente à média de 95,20 casos por 100 mil habitantes, de 2005 a 2015. Nos últimos cinco anos, entretanto, há uma tendência na queda nos números, especialmente em 2015, conforme a Secretaria Municipal de Saúde. No ano passado, foram contabilizados 74,21 casos por 100 mil habitantes, e em 2014, a taxa média foi de 90,9 registros, correspondendo à mesma proporção de habitantes.

De 2000 a junho de 2016, a capital gaúcha registrou 28.947 casos. Desse número, 96,3% foram detectados em adultos e 3,7%, em crianças menores de 13 anos. Porto Alegre, que teve o primeiro caso de Aids diagnosticado em 1983, também amarga o título de capital que possui o maior coeficiente de mortalidade, equivalente a 23,7 óbitos para cada 100 mil habitantes. A média da capital gaúcha é quatro vezes a nacional, contudo o relatório epidemiológico do Ministério da Saúde aponta para uma tendência de queda nos últimos dez anos.

Ações de prevenção

Para reverter estatísticas tão negativas e preocupantes, a Prefeitura de Porto Alegre realiza diversas ações nesta quinta-feira para marcar o Dia Mundial de Luta contra a Aids. A Secretaria Municipal de Saúde instalará uma estrutura, na Praça da Alfândega. O ambiente multimídia tem por objetivo explorar as sensações e os sentidos visuais, auditivos e táteis, estimulando as pessoas a pensar em situações de maior risco ao vírus HIV. Ao mesmo tempo, o espaço oportunizará aos visitantes conhecer as diferentes formas de prevenção. Além disso, a iniciativa, que tem como tema “Cuidar e ser cuidado”, tem como propósito incentivar a população a ser mais solidária com pessoas que possuem HIV ou a doença, reduzindo o preconceito e o estigma.

“Cuidar significa utilizar várias estratégias de prevenção, como proteção nas relações sexuais usando preservativo, fazer testagens regulares e começar o tratamento o mais cedo possível em caso de resultado positivo. Em especial, é ter solidariedade com as pessoas que vivem com HIV/Aids”, explica a gerente de Políticas Públicas de Cuidado em Saúde – Transmissíveis, Simone Ávila. “O preconceito e a discriminação fazem com que pessoas com o vírus não queiram se tratar, tenham vergonha e sejam excluídas. Com a campanha deste ano, queremos incentivar o cuidado no sentido da solidariedade e do respeito que merecem”, completa ela.

A estrutura ficará na praça até o dia 6 de dezembro com exceção do domingo e funcionará das 11h às 14h e das 17 às 20h, de segunda a sexta-feira. Já no sábado, o espaço, organizado pela Secretaria Municipal de Saúde, estará aberto das 11h às 15h. Também nesta quinta, será intensificada a oferta de testes rápidos para o HIV nas unidades de saúde Modelo, da região da Glória, Cruzeiro e Cristal e da Chácara da Fumaça. Já no Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas do Partenon e Lomba do Pinheiro e no Hospital Restinga Extremo-Sul, haverá, ainda, atendimento por infectologistas.

Unidade móvel do projeto "Fique Sabendo Jovem" percorrerá quatro regiõs da cidade | Foto: Cristine Rochol/PMPA
Unidade móvel do projeto “Fique Sabendo Jovem” percorrerá quatro regiõs da cidade | Foto: Cristine Rochol/PMPA

Unidade móvel

Para marcar, ainda, as ações do Dia Mundial de Luta contra a Aids em Porto Alegre, a unidade móvel do projeto “Fique Sabendo Jovem” percorrerá quatro regiões da Capital, disponibilizando testes de HIV ao público, na faixa dos 15 aos 29 anos. No sábado (3), o veículo estará na unidade de saúde da Lomba do Pinheiro, das 8h30min às 17h. No domingo (4), o atendimento será no Parque Farroupilha (Redenção), em frente ao Monumento ao Expedicionário, das 16h às 20h. Nos dias 7 e 10, será a vez dos bairros Restinga e Bom Jesus receberem a unidade móvel, respectivamente.

Ajuda ao Gapa

Conhecido pelo seu trabalho no amparo aos pacientes com HIV e com Aids, o Grupo de Apoio à Prevenção da AIDS (GAPA-RS) é que agora precisa de ajuda. Com um trabalho de 28 anos no enfrentamento da epidemia e no acolhimento e suporte à população com AIDS, a ONG mais antiga do Rio Grande do Sul está ameaçada de fechar as portas. A sede atual está deteriorada, e o proprietário do imóvel pretende recuperá-lo e, como consequência, ira retomá-lo.

Por isso, nesta quinta-feira, a Rede Minha Porto Alegre lança a mobilização “Viva o GAPA”, com objetivo de encontrar uma nova sede. Atualmente, duas mil pessoas procuram a ONG ao mês para atendimento psicológico e jurídico, além de informações sobre o HIV, gratuito. No dia 10 de dezembro, será realizado o festival de rua Viva o GAPA(https://www.facebook.com/events/1823771584504737/), com apresentações musicais, food trucks e atividades de conscientização. Um palco será montado na Cidade Baixa e receberá, entre as atrações, o vencedor do Grammy Latino Ian Ramil, e as bandas Império da Lã, Tribo Brasil. No evento, serão vendidas camisetas e canecas e todo o lucro será revertido para o GAPA. Mas informações sobre o festival e a mobilização podem ser obtidas pelo e-mail [email protected].

09/11/2016 - PORTO ALEGRE, RS - Sede da GAPA (Grupo de apoio aos portadores de AIDS) está abandonado em Porto Alegre. Foto: Guilherme Santos/Sul21
09/11/2016 – PORTO ALEGRE, RS – Sede da GAPA (Grupo de apoio aos portadores de AIDS) está abandonado em Porto Alegre. Foto: Guilherme Santos/Sul21

*Com informações do Ministério da Saúde e da Secretaria Muncipal de Saúde


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora