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30 de dezembro de 2016
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15:18

6 críticos escolhem os melhores livros de 2016

Por
Sul 21
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Milton Ribeiro

O Sul21 convidou 6 especialistas para escolher os melhores livros de 2016. Solicitamos apenas o título do livro, o autor e uma justificativa curta de uma a sete linhas, sem muito rigor. Permitimos também os clássicos, desde que reeditados recentemente neste ano.

O resultado demonstrou enorme dispersão. Apenas três autores se destacaram: Ian McEwan, com seu excelente Enclausurado;  Elena Ferrante com um quarteto de livros e a bielorrussa Svetlana Aleksiévitch, com suas duas primeiras obras lançadas pela Cia. das Letras no Brasil. Se o fim O Fim do Homem Soviético tivesse sido lançado mais cedo, não temos dúvida de que estaria também nas listas.

Então, optamos por apresentar a lista de cada votante, sem escolhermos os dez melhores.

Nossos eleitores foram, por ordem alfabética, o blogueiro Alexandre Kovacs, do excelente Mundo de KCamila von Holdefer, do monumental Livros AbertosCarlos André Moreira, jornalista, escritor e crítico literário de Zero Hora e do blog Mundo Livro; o escritor Gustavo Melo Czekster, do Homem Despedaçado; o jovem super leitor Heitor de Lima e o jornalista, escritor e crítico Luiz Gonzaga Lopes, do Correio do Povo e do blog Livros A+.

Montagem Sul21
Montagem Sul21

~ Alexandre Kovacs ~

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Enclausurado — Ian McEwan

Obviamente a situação de um narrador não nascido é completamente inverossímil e, ao mesmo tempo, maravilhosa. É justamente a deixa que um grande autor precisa para explorar com oportunismo a intimidade do comportamento humano em tudo que ele tem de melhor e pior. Na orelha do livro, a editora coloca uma comparação muito oportuna com Brás Cubas, o narrador defunto de Machado de Assis, o mesmo tipo de recurso ao absurdo que, conduzido com inteligência e criatividade, pode ser muito libertário tanto para o autor quanto para o leitor.

 

 

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Sombras da Água — Mia Couto

Este romance dá continuidade à trilogia histórica que tem como base a ofensiva militar portuguesa, no final do século XIX, contra o último imperador do Estado de Gaza, Ngungunyane, no território que hoje é conhecido como Moçambique. Na verdade, a guerra colonial não era um conflito somente entre dois lados, mas sim uma complexa divisão entre tribos com línguas e culturas diferentes em oposição aos interesses de exploração colonial das metrópoles europeias.”Quantas guerras há dentro de uma guerra? Quantos ódios se escondem quando uma nação manda os seus filhos para a morte?”.

 

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A elegância do ouriço — Muriel Barbery

O sucesso deste romance, que já ultrapassou dois milhões de cópias vendidas na França, deve muito ao improvável e até mesmo surpreendente charme de suas duas protagonistas, que alternam em primeira pessoa as vozes narrativas: Renée Michel, a solitária viúva ranzinza de cinquenta e quatro anos, zeladora de um prédio luxuoso no centro de Paris e a superdotada Paloma Josse de apenas doze anos, pertencente a uma das famílias ricas que habitam o mesmo prédio.

 

 

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Atlas de Nuvens — David Mitchell

Já faz algum tempo que não me divertia tanto com um romance, ou melhor dizendo, não apenas um, mas seis romances em um só, ambientados em várias regiões do mundo e diferentes épocas, do passado ao futuro, com múltiplas técnicas narrativas e improváveis elementos de ligação entre todas as partes, porque “Atlas de Nuvens” é exatamente isso, configurando um virtuosismo literário invejável do inglês David Mitchell ao conduzir a ambiciosa arquitetura do livro e manter a atenção e interesse do leitor ao longo de mais de quinhentas páginas nessa catedral ficcional, se é que podemos chamar assim.

 

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A amiga genial: infância, adolescência – Série Napolitana, primeiro romance — Elena Ferrante

Neste primeiro romance da série, a narrativa é totalmente desenvolvida em primeira pessoa por Elena Greco que conta em retrospecto e de forma linear toda a trajetória de vida das amigas e do bairro onde moravam em Nápoles, durante a infância e parte da adolescência, a partir de um gancho que ocorre no presente, o misterioso desaparecimento de Lila. Com a passagem do tempo, ocorrem períodos de afastamento e novas aproximações.

 

 

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História do novo sobrenome: juventude – Série Napolitana, segundo romance — Elena Ferrante

Este segundo volume da série napolitana se enquadra perfeitamente naquele tipo de livro que relutamos em interromper a leitura e que nos faz avançar de capítulo em capítulo, madrugada a dentro, sem conseguir parar mas, ao mesmo tempo, com pena quando chegamos ao final. As amigas e personagens principais, Lila e Lenu, continuam a sua difícil jornada de amadurecimento à partir de uma sociedade regida pela pobreza, violência e códigos masculinos.

 

 

linha-mLinha M — Patti Smith

Um livro inspirador e que não pode ser classificado em uma única categoria, seja ela autobiografia, ficção ou ensaio, simplesmente porque é tudo isso ao mesmo tempo, assim como a performática Patti Smith que assume múltiplas formas de expressão artística, tais como: música, artes plásticas e poesia, não necessariamente nesta ordem. Preparem-se para uma viagem sem destino e, de preferência, sem pressa também, pelo sensível “mind train” da autora, vivendo a intimidade do seu processo criativo através de lembranças dos lugares que visitou ao redor do mundo e das perdas e conquistas da sua vida pessoal.

 

homens-sem-mulheresHomens sem Mulheres — Haruki Murakami

Os fãs do autor encontrarão novamente as já tradicionais referências ao mundo ocidental, principalmente nas influências literárias. Um dos contos, Samsa apaixonado, é uma criativa fábula com base no clássico de Franz Kafka, Metamorfose, ao inverso, com um inseto se transformando em homem. Sem falar na presença da música clássica, jazz e rock e, é claro, os misteriosos gatos, sempre uma participação garantida em seus romances e contos.

 

 

a-morte-do-pai

A Morte do Pai — Karl Ove Knausgård

O autor norueguês Karl Ove Knausgård (pronuncia-se “quenausgorde”) levou ao extremo o recurso da autoficção ao escrever um romance com base na sua própria biografia com um total de 3.500 páginas, publicado em seis volumes em sua terra natal.

~ Camila von Holdefer ~

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História do Novo Sobrenome, História de quem foge e de quem fica, Dias de Abandono e A Filha Perdida — O quatro de Elena Ferrante

Não é possível fazer uma lista de melhores do ano sem incluir Elena Ferrante. Também não é possível escolher apenas um trabalho da italiana. De modo que aqui estão todos os livros da autora lançados no Brasil em 2016.

 

 

 

 

vozes-de-tchernobilA guerra não tem rosto de mulher e Vozes de Tchernóbil — Ambos de Svetlana Aleksiévitch

Nobel de 2015, Svetlana Aleksiévitch escreve livros poderosos em que costura histórias reais. No final do ano, a Companhia das Letras lançou O fim do homem soviético.

 

 

41-inicios-falsos41 inícios falsos — Janet Malcolm

O melhor de Janet Malcolm. Destaque para “A garota do Zeitgeist”, excelente ensaio sobre Ingrid Sischy.

 

 

 

quem-matou-roland-barthesQuem matou Roland Barthes? — Laurent Binet

Genial. Muitos vão discordar.

 

 

 

o-tribunal-da-quinta-feiraO tribunal da quinta-feira — Michel Laub

Ridiculamente bem narrado. Reúne elementos aparentemente difíceis de reunir, e dá certo.

 

 

 

prosas apatridasProsas apátridas — Julio Ramón Ribeyro

A capa poderia vencer um concurso das mais feias do ano, mas o livro é maravilhoso.

 

 

 

diarios-2Diários II– Susan Sontag

Adoro a sonoridade do título em inglês: As consciousness is harnessed to flesh. Ainda melhor que o primeiro volume dos diários da autora. “Era possível criar um novo movimento artístico todos os meses apenas lendo a revista Scientific American.” “A catástrofe (para um artista) de ter uma retrospectiva: todas as suas obras subsequentes se tornam póstumas.”

~ Carlos André Moreira ~

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Enclausurado — Ian McEwan

Depois de alguns romances que o estabeleceram como um “autor sério”, Ian McEwan volta ao sarcasmo e ao humor negro e delirante que marcaram seu início de carreira, nesta trama de traição e homicídio, vagamente inspirada em Hamlet, mas narrado pelo mais improvável dos narradores, um feto no útero da mãe.

 

 

 

simpatia-pelo-demonioSimpatia pelo demônio — Bernardo Carvalho

Um romance absurdamente bem narrado em que um dos principais autores brasileiros contemporâneos repete a ambição global que lhe é peculiar, a de abarcar o mundo contemporâneo. Um brasileiro negociador de conflitos de uma agência humanitária americana é enviado para uma região controlada por jihadistas para pagar um resgate. Em paralelo, a reconstrução de um obsessivo caso de amor vivido pelo personagem oferece o contraponto entre amor e guerra, e do amor como uma guerra ele próprio.

 

o-reinoO reino — Emmanuel Carrère

Muito se tem falado de autoficção nos últimos anos, e a obra de Emmanuel Carrère costuma ser uma das que melhor enfrentam os desafios e necessidades desse tipo de composição, transformando experiências reais em romances e mesclando-as a reflexões ensaísticas nas quais a imaginação completa lacunas em um amálgama rico. Neste livro, ele mescla uma reflexão sobre o que o fez se converter ao Cristianismo, inspirado por uma iluminação divina que mais tarde desapareceria – como deveria acontecer com todo mundo mais ou menos são –, e uma história rigorosa da escrita dos Evangelhos e dos primórdios do Cristianismo como seita.

 

a-guerra-nao-tem-rosto-de-mulherA guerra não tem rosto de mulher — Svetlana Alieksiévitch

Tecnicamente, eu poderia ter votado nos três livros da Nobel bielorrussa que foram lançados este ano no Brasil, este, Vozes de Tchernóbil e O fim do homem soviético, mas este reuniu alguns dos relatos que mais me comoveram e que ajudam a explicar o fascínio da obra da autora. As vozes das mulheres descrevendo sua participação na II Guerra Mundial, as paixões, dificuldades, perdas, ganham cada vez mais ressonância quando se lê, no prefácio, o quanto as histórias de bravura dessas mulheres foram apagadas em nome da propaganda soviética. Teve escritor bobalhão petrificado nos próprios preconceitos dizendo no Face que isto é jornalismo, não é literatura. Sabe de nada.

 

historia-de-quem-foge-e-de-quem-ficaHistória de quem foge e de quem fica — Elena Ferrante

A misteriosa escritora italiana (cuja identidade pode ter sido revelada, mas eu fiz questão de não tomar conhecimento disso, porque aqui estamos falando de literatura, não de Caetano estacionando o carro no Leblon, meu filho) consegue com cada novo volume de sua tetralogia napolitana um verdadeiro prodígio: cada novo fragmento aumenta o escopo do anterior e consegue suplantá-lo em beleza, complexidade e qualidade. Criadas juntas em uma relação de amizade e rivalidade, Lenu e Lila talvez se afastem em definitivo premidas pelos embates da vida adulta revelados neste terceiro volume. Sério que só tem mais um?

~ Gustavo Melo Czekster ~

toda-a-poesia-de-augusto-dos-anjosToda poesia de Augusto dos Anjos — Augusto dos Anjos

A reunião dos poemas de Augusto dos Anjos (1884-1914) revela um conjunto poderoso de versos que marcam até mesmo o mais indiferente dos leitores. Impossível ler muitos poemas de uma vez só, tamanha a força que surge das palavras de um poeta falecido há mais de 100 anos, mas ainda vibrante. Sugere-se para quem gosta de emoções fortes e que não tem medo de lidar com o que existe de pior e de mais glorioso em si mesmo.

 

 

amoraAmora — Natália Borges Polesso

Os contos de “Amora” possuem a dose exata de força e de fragilidade que caracteriza as grandes narrativas. Repletas de angústia e de indecisão, as personagens atravessam conflitos urdidos com a delicadeza de uma aranha sábia: quanto mais tentam resolvê-los, mais acabam por se enredar. As relações homossexuais ficam em segundo plano, mostrando que o amor, em todas as suas variáveis, é muito mais complexo do que a união de duas pessoas mutuamente interessadas.

 

 

uma-historia-natural-da-curiosidade-alberto-manguelUma história natural da curiosidade — Alberto Manguel

Tomando por base “A Divina Comédia” de Dante Alighieri, Alberto Manguel demonstra erudição ao contar a história da curiosidade, e de como os seres humanos evoluíram graças à sua inconformidade com aquilo que desconhecem. Ao se debruçar sobre questões básicas e irrespondíveis (“Como nós perguntamos?”, “Quem sou eu?”, entre outras), o escritor argentino desfila uma série de pequenas histórias, intercalando literatura e outras artes, deixando o leitor em um misto de fascínio e receio – sentimentos que, segundo o autor, são o fundamento da curiosidade que norteia nossa existência.

 

as-raizes-do-romantismoAs raízes do Romantismo — Isaiah Berlin

Todos os vícios e virtudes da atualidade foram criados no Romantismo. Ao partir dessa premissa, Berlin aborda o Romantismo não só como um movimento artístico, mas uma questão filosófica que demonstrou as fragilidades do racionalismo, embasando a formação da burguesia e dando vazão ao surgimento do liberalismo. O livro reúne seis palestras proferidas em 1955 pelo filósofo letão, que, em um texto agradável e repleto de persuasão ligando extremos como Byron, William Blake, Coleridge, Schiller e Goethe, demonstra que ainda somos escravos do Romantismo em muitos aspectos não só estéticos, mas igualmente políticos e econômicos.

 

metamorfose-dos-olhos-de-filis-em-astros-germain-habertMetamorfose dos olhos de Fílis em astros — Germain Habert

Na melhor tradição de Ovídio e o seu “Metamorfoses”, Germain Habert fez esse poema em 1630, um grande sucesso na época, influenciando Racine e La Fontaine, até que uma crítica especialmente ferina de Voltaire ajudou a condená-lo ao ostracismo. Em bela tradução de Lawrence Flores Pereira, o poema ganha vida, mostrando os deuses como invejosos da capacidade humana de cometer erros ao se aventurarem. Mais do que tudo – e o vistoso ensaio que acompanha o livro é de leitura essencial –, o poema trata dos perigos do narcisismo e de uma auto-estima elevada, assuntos atuais até hoje.

 

bifidaBífida e outros poemas — Alexandra Lopes da Cunha / Raul Krebs

Nunca a poesia foi tão necessária quanto nos tempos difíceis que o mundo atravessa, e os poemas de Alexandra Lopes da Cunha escapam da superficialidade tola que caracteriza a produção literária contemporânea e adentram nas grandes questões: o tempo que carcome a memória, a fraqueza de ser humano, a irrealização plena de qualquer sentimento, o Deus que mora no interior de cada um. O livro também funciona como exploração artística ao mostrar fotografias, e o confronto nem sempre amigável entre imagem e palavra aumenta o alcance dos poemas ao mesmo tempo que ressignifica as fotografias.

 

 

 

senhor-gelado-e-outras-historias-igor-natuschSenhor Gelado e outras histórias — Igor Natusch

Na sua estreia na ficção, Igor Natusch escreveu um livro de contos versando sobre o mais humano dos sentimentos: a solidão. Ao mostrar personagens enredados nas suas agonias, tentando se desvencilhar do passado, o escritor revela histórias repletas de inquietações e de incertezas. É difícil permanecer impassível diante da leitura da história de outros, que revela muitos dos cenários dos nossos pesadelos. Em um flerte com o fantástico, Igor mostra que a melhor literatura não é a que se faz com estilo e palavras vazias, mas com uma boa história e muita vontade de atingir o leitor naquilo que ele não é capaz de verbalizar.

~ Heitor de Lima ~

a-montanha-magica-thomas-mannA Montanha Mágica — Thomas Mann

Um dos maiores romances do grande romancista alemão do século XX. Uma espécie de romance de formação às avessas, onde o autoconhecimento acontece sem o personagem central sair do “repouso”. Profunda análise do homem e sua conduta nos escombros da guerra.

 

 

 

os-tres-ensaios-sobre-a-teoria-da-sexualidade-e-outros-textos-sigmund-freudOs três ensaios sobre a teoria da sexualidade e outros textos — Sigmund Freud

Uma coletânea de ensaios que serviu de base para os fundamentos da psicanálise moderna. Freud e suas teorias das instâncias psíquicas, suas funções e desenvolvimento influenciaram uma série de artistas, pensadores e até movimentos de vanguarda como o surrealismo.

 

 

os-fatos-philip-rothOs fatos — Philip Roth

Autobiografia do grande romancista norte americano.

 

 

 

os-passos-em-volta-herberto-helderOs passos em volta — Herberto Helder

Reunião de textos inclassificáveis do grande poeta português da segunda metade do século XX. Textos plenos de poesia que se assemelham a contos e ensaios.

 

 

o-amor-nos-tempos-do-colera-gabriel-garcia-marquez-nova-edicaoO amor nos tempos do cólera — Gabriel García Márquez (nova edição)

A editora Record lança uma edição de luxo para o romance mais pungente do romancista colombiano. Junto com Cem anos de Solidão, o maior livro de García Márquez.

 

 

 

contra-o-fanatismoContra o fanatismo — Amós Oz

Textos excelentes sobre a virulência religiosa que norteia os conflitos no oriente médio, especialmente entre Israel e Palestina.

 

 

um-amor-feliz-wislawa-szymborskaUm Amor Feliz — Wislawa Szymborska

Excelente antologia da grande poeta polonesa. Poemas que usam uma linguagem informal para expressar ora microcosmos cotidianos (como faz a poética dos contos de Tchekhov) ora macrocosmos históricos e universais (por vezes fundindo-os).

 

 

 

Todos os contos -- Clarice Lispector

Todos os contos — Clarice Lispector

Coletânea que reúne a excelente obra contística de uma das maiores vozes do modernismo brasileiro. Lispector, respeitada e lida no mundo toda, volta agora em um trabalho esmerado e há muito aguardado.

 

 

o-pais-das-neves-yasunari-kawabataO país das neves — Yasunari Kawabata

A obra prima do segundo maior escritor japonês do século XX. Um texto focado no trabalho estético e na análise psicológica dos personagens. Temas caros ao escritor.

 

 

 

 

galveias-jose-luis-peixotoGalveias — José Luis Peixoto

O último livro e a obra prima do grande escritor português. Um livro que segue uma poética própria, uma espécie de realismo mágico com alusões autobiográficas e metáforas telúricas. Foco na pequena aldeia onde o autor nasceu.

~ Luiz Gonzaga Lopes ~

 

a-guerra-nao-tem-rosto-de-mulherA Guerra não tem Rosto de Mulher — Svetlana Aleksiévitch

Este ano tive o prazer de entrevistar a escritora bielorrussa, Nobel de Literatura de 2015, durante a Flip. Este livro tem um pouco daquilo que notabilizou Svetlana que é o grande poder de escuta e de retransmissão de grandes histórias da luta do Exército Vermelho na Segunda Guerra Mundial, só que do ponto de vista das mulheres, o que não é muito comum na literatura, mesmo neste século XXI.
 

 

sem-gentileza-futhi-ntshingilaSem Gentileza — Futhi Ntshingila

O livro da autora sul-africana (que esteve na 62ª Feira do Livro), uma descoberta do trio da Dublinense, Gustavo Faraon, Rodrigo Rosp e Julia Dantas, é uma peça de resistência e nos relata as agruras e a possibilidade de algum lirismo na vida de uma jovem negra de 14 anos, que perde a mãe pela Aids, que luta contra a fome, a pobreza e a segregação racial, e que é estuprada por um padre. Neste cenário desolador, o mundo “sem gentileza”, Mvelo ainda encontra esperança e ajuda.

 

 

o-inferno-dos-outros-david-grossmanO Inferno dos Outros — David Grossman

Todos os autores que selecionei na lista são escritores com os quais conversei e/ou entrevistei. No caso deste livro de Grossman, que esteve na Feira do Livro em ação dos 10 anos do Fronteiras do Pensamento, a escolha foi pela engenhosidade da narrativa e por dizer um pouco do que é ser judeu e israelense, num mundo que os julga sem entender quem são como povo e não como nação. A obra me cativou por apresentar um comediante de stand up resolvendo seus problemas pessoais no palco durante algumas horas.

 

descobri-que-estava-morto-joao-paulo-cuencaDescobri que Estava Morto — João Paulo Cuenca

A autoficção é um estilo narrativo que está um pouco vergastado de uma década para cá. Na academia, ela ainda é um sucesso, mas para os leitores só os bons conseguem sobreviver, como é o caso deste livro de Cuenca. Utilizando um fato real – a descoberta de um atestado de óbito com o seu nome e documentos – o autor carioca constrói uma autoficção mezzo verossímil, mezzo fantástica ou surreal.

 

 

autoimperialismo-benjamin-moserAutoimperialismo — Benjamin Moser

Quando todos só falavam de Todos os Contos, a bela seleta de textos de Clarice Lispector, organizada por ele, Moser surpreendeu a todos com três belos ensaios reunidos neste livro, nos quais ele disseca o Brasil melhor do que muitos pensadores brasileiros, a partir da melancólica arquitetura de Brasília, o complexo de vira-lata da arquitetura e urbanismo local em São Paulo e Rio de Janeiro, a partir de imitações baratas europeias e do exemplo dos bandeirantes e finalmente o ensaio que dá título ao livro, o autoimperialismo, o conquistar a si mesmo, sem o olhar e o mimetismo do conquistador/colonizador.


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