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22 de novembro de 2016
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10:02

Associação de funcionários denuncia dano científico e histórico com extinção da FEE

Por
Sul 21
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Associação de funcionários denuncia dano científico e histórico com extinção da FEE
Associação de funcionários denuncia dano científico e histórico com extinção da FEE
Governador Sartori quer extinguir FEE por entender que ela não contribui para a população do Estado. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)
Governador Sartori quer extinguir FEE por entender que ela não contribui para a população do Estado.
(Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Da Redação

A Associação de Funcionários da Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul (FEE) divulgou nota nesta segunda-feira (21), criticando a decisão do governo José Ivo Sartori (PMDB) de extinguir a entidade como uma das medidas necessárias para resolver a crise financeira do Estado. A nota afirma que a economia que o Estado faria com a extinção da FEE seria nula e causaria um enorme estrago para a pesquisa no Rio Grande do Sul. Confira a íntegra da nota:

Associação de funcionários da FEE esclarece informações anunciadas pelo governo

“O conhecimento construído pela Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser, patrimônio de toda a comunidade científica e da sociedade gaúcha, corre risco. O Governador José Ivo Sartori anunciou nesta tarde, 21, pacote de cortes. A FEE está na lista de extinção. O Secretário Geral de Governo, Carlos Búrigo, mencionou que as novas medidas relativas à FEE pretendem manter 52 funcionários estáveis para dar continuidade às pesquisas. Ocorre que esses 52 servidores são extra-numerários (servidores transpostos para o regime jurídico único), 20 já estão inativos e o restante já está apto a se aposentar, e nem todos são pesquisadores. Extinguir e  demitir os celetistas equivale a decretar o fim de todos os trabalhos que a FEE desenvolve. Hoje, a FEE é responsável pela produção de 25 indicadores e oito publicações produzidas regularmente, com séries históricas, metodologias e qualidade editorial reconhecidamente consistentes, além de prestar consultoria  e assessoria para mais de 30 órgãos do Estado, em pelo menos 50 acordos de cooperação técnica. É difícil precisar o valor desse montante de informações, análises e dados, embora seja fácil dimensionar a nulidade da economia e o enorme estrago para esse patrimônio.

Segundo o economista e professor universitário, Rubens Soares de Lima, Ex-Presidente da FEE, a continuidade das séries estatísticas é um requisito importante para análises que busquem compreender a economia de uma perspectiva histórica, sendo extremamente prejudicial a interrupção da atividade daqueles que se dedicam à elaboração de dados. “É fácil imaginar o impasse de qualquer negociação entre sindicatos patronais e trabalhadores sem que as partes disponham de dados sobre PIB, inflação, produtividade e taxas de emprego e desemprego. Desse modo, as estatísticas constituem-se em alicerce fundamental para o exercício das relações econômicas e sociais de uma democracia. Entretanto, não basta que a informação seja mais ou menos exata, é necessário que os agentes reconheçam a fidelidade e a isenção de quem a produz. Isso não exclui a existência de órgãos estatísticos privados e mesmo de sindicatos, mas impõe a existência de institutos que, mesmo sendo públicos, guardem certa autonomia com relação ao Governo”.

Atualmente, a FEE conta, em seu quadro funcional, com 36 doutores e 93 mestres nas diversas áreas do conhecimento. Mesmo com os concursos recentes, o seu custo nominal não cresceu, enquanto o custo real teve queda de 40% entre 2009 e 2015. Destaca-se que a FEE não possui cargo de confiança no seu quadro de funcionários, o que ressalta o caráter técnico da instituição”.

 


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