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4 de outubro de 2016
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16:27

Bancários denunciam aliança entre bancos e governo Temer para ajuste fiscal e cortes salariais

Por
Luís Gomes
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04/10/2016 - PORTO ALEGRE, RS - Bancários realizam ato em 29º dia de greve, em frente ao Santander Cultural. Foto: Maia Rubim/Sul21
Everton Gimenes fala durante mobilização dos bancários diante do Santander Cultural | Foto: Maia Rubim/Sul21

Luís Eduardo Gomes

Em greve há 29 dias em todo o país, os bancários voltaram a realizar, nesta terça-feira (4), ato para marcar a continuidade da campanha salarial da categoria se reunindo diante do Santander Cultural, no Centro de Porto Alegre. As negociações com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) estão congeladas há seis dias, quando os bancários rejeitaram, na mesa de negociações – sem levar para assembleias -, a proposta de reajuste de 7% mais abono R$ 3,5 mil e, para 2017, a inflação do período mais aumento real de 0,5%. Os bancários exigiam originalmente 15% de reajuste, mas ponderam que dificilmente vão aceitar encerrar a greve com uma oferta menor do que a reposição da inflação do último ano, acumulada em 9,55%.

Para Everton Gimenis, presidente do Sindbancários, que representa os trabalhadores de Porto Alegre e Região Metropolitana, os bancos possuem condições de ao menos repor a inflação, mas não o fazem por estratégia. Segundo ele, a Fenaban fechou uma aliança com o governo de Michel Temer para “ajudar” no ajuste fiscal.

04/10/2016 - PORTO ALEGRE, RS - Bancários realizam ato em 29º dia de greve, em frente ao Santander Cultural. Foto: Maia Rubim/Sul21
Bancários realizam ato para marcar o 29º dia de greve | Foto: Maia Rubim/Sul21

“Os bancos com esses lucros teriam condições totais de repor a inflação e até dar aumento real. É só ver a divulgação dos lucros dos bancos, não precisa nós dizermos isso. Só que ele estão em uma aliança com o governo para ajudar no ajuste fiscal, que é sobre os trabalhadores, tanto é que está propondo reforma da previdência, reforma trabalhista, tudo que retira direitos. Nessa aliança, os banqueiros trancaram o pé e a categoria também trancou o pé querendo algo que é justo”, afirmou. “O próprio negociador da Fenaban reconheceu em mesa que os bancos teriam condições de repor a inflação, mas vão fazer a sua parte para ajudar o ajuste fiscal. Como a lógica da política econômica do governo é que aumento do salário indexa e pressiona a inflação, eles têm que diminuir o custo do salário”, complementou.

Segundo ele, o governo tem interesse no resultado da paralisação dos bancários porque a categoria é uma “referência de organização” para outras categorias sindicais. Por outro lado, Gimenes pondera que a mobilização segue forte e que a paralisação permanecerá até que a Fenaban “faça uma proposta que a categoria tenha condições de aceitar em assembleia”.

O Santander foi escolhido como alvo da mobilização de hoje porque o banco moveu uma ação de interdito proibitório para impedir que os bancários realizassem protestos diante de duas agências. A Justiça chegou a dar ganho de causa para a instituição e para outra ação similar do Bradesco, mas estas decisões foram derrubadas pela Justiça ontem. Gimenes pondera que a interdito proibitório do Santander era um “absurdo”, porque ações dessa natureza diriam respeito apenas a tentativas de retomada de posse, enquanto os bancários jamais teriam tentado ocupar agências. “Fizemos este ato simbólico para marcar a vitória da ação e que a greve dos bancários é constitucional”, afirmou.


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