Areazero
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9 de setembro de 2016
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13:47

Debate na Band tem foco em obras inacabadas e troca de farpas entre Luciana e Melo

Por
Luís Gomes
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Debate na Band tem foco em obras inacabadas e troca de farpas entre Luciana e Melo
Debate na Band tem foco em obras inacabadas e troca de farpas entre Luciana e Melo
Foto: Reprodução/Youtube/Band-RS
Foto: Reprodução/Youtube/Band-RS

Luís Eduardo Gomes

Os cinco candidatos a prefeito de Porto Alegre que estão na frente nas pesquisas eleitorais participaram na noite de quinta-feira (8) no primeiro debate televisivo da campanha eleitoral, na Rede Bandeirantes. Os candidatos mantiveram um tom até cordial durante os dois primeiros blocos, quando responderam a perguntas com temas diversos elaboradas por jornalistas do grupo Bandeirantes e pelo público. O clima esquentou, porém, no terceiro bloco, quando o vice-prefeito Sebastião Melo (PMDB) perguntou a Luciana Genro (PSOL) sobre parcerias público-privadas.

Luciana se disse a favor das parcerias público-privadas “desde que o público também seja beneficiado, e não apenas o privado”. Ela criticou as parcerias feitas pela atual gestão para a reforma do Auditório Araújo Viana e para a construção do Camelódromo, elogiados por Melo em sua pergunta, afirmando que eles “não foram muito felizes”. Ela ainda afirmou que as PPPs poderiam ser utilizadas, por exemplo, na revitalização do Cais do Porto. “A parceria tem que ser real. O privado pode lucrar, mas o público tem que se beneficiar”. Melo tentou ainda defender estas obras e dizer que será o prefeito das parcerias público-privadas, mas, na tréplica, Luciana voltou a atacar a Prefeitura ao citar as denúncias de fraudes na Fasc e no DEP.

Em seguida, Raul Pont (PT) perguntou a Melo sobre o congelamento de gastos públicos proposto pelo governo Temer. Antes mesmo de responder esse tema, Melo se disse vítima de um “tiroteio desde o início do programa” e atacou Luciana dizendo que o partido dela “depreda a cidade” e que era preciso “conversar sobre isso”. Ao se voltar para a pergunta de Raul, disse que era preciso fazer uma reforma na máquina pública, mas que não defendia nenhum corte no SUS e que estava “junto” do petista neste tema. Na réplica, Raul disse esperar que esse posicionamento de Melo seja efetivo e voltou a apontar que a aprovação da PEC 241, defendida pelo PMDB e pelo PSDB, trará grandes prejuízos para a Saúde e Educação. Melo, no entanto, preferiu se descolar do PMDB e dizer que colocará a cidade “em primeiro lugar”.

A próxima pergunta foi feita por Mauricio Dziedricki (PTB) a Nelson Marchezan Jr. (PSDB) sobre empreendedorismo. Marchezan iniciou a resposta dizendo que irá priorizar Segurança, Educação e o emprego, ponderando que é preciso desburocratizar a legislação municipal para facilitar a criação de empresas e a construção civil. Aproveitou para alfinetar Melo, que também defende a desburocratização da cidade, ao dizer que “parece que ninguém viu isso até agora e vai fazer tudo em quatro anos”. Na réplica, Dziedricki disse que era aglutinar secretarias para facilitar o desenvolvimento da cidade.

Fechando o bloco, Marchezan perguntou a Pont sobre qual seria a participação de Dilma na campanha política de Raul. O petista lembrou que, na gestão da ex-presidenta, o governo federal repassou R$ 900 milhões para obras e programas sociais na cidade e atacou o PSDB por apoiar a PEC 241 e a “retirada de direitos”. Na réplica, o candidato do PSDB atacou o programa Mais Médicos, dizendo que foi criado para mandar dinheiro para Cuba, e voltou a criticar o governo Dilma sob o viés da corrupção.

O bloco foi encerrado com o departamento jurídico da Band negando o direito de resposta a Luciana Genro pela fala que Melo fez sobre o PSOL incitar o vandalismo na cidade.

Debate de obras

Na abertura do quarto bloco, porém, Luciana voltou a carga contra Melo, dizendo que estava ali para debater propostas e não calúnias, e questionou o que o vice-prefeito fará para impedir fraudes envolvendo empresas terceirizadas, como o que ocorreu na Fasc e no DEP. Irritado, Melo disse que o PSOL é “especialista em calúnia” e, ao responder a pergunta, disse que as gestões Fogaça-Fortunati não colocou nenhuma denúncia para debaixo do tapete. Ele também disse que o governo continuará terceirizando serviços. Na réplica, Luciana afirmou que o “problema” é que a gestão “não resolve”, citando o fato de que envolvidos em fraudes na Fasc foram transferidos para o DEP e dizendo que Melo não tem propostas para melhorar a fiscalização. Melo respondeu dizendo que atual gestão é elogiada na questão da transparência e acusou Luciana de irresponsabilidade e “jogar palavras ao vento”.

Na sequência, Melo iniciou uma sequência do debate dedica às obras da cidade. O vice-prefeito fez a defesa do fato de a Prefeitura ter “aproveitado a Copa” para realizar as obras e questionou Raul porque ele critica tanto a atual gestão nesse tema. Raul disse que não era contra obras, mas contra a forma que elas foram conduzidas, dizendo que eram “mal contratadas” e “mal licitadas”. Na réplica, Melo disse que a atual gestão teve uma “visão futurista” ao trazer para a cidade R$ 1 bilhão para as 14 obras da Copa e afirmou que “até os passarinhos” sabiam que era preciso realizar as obras da Terceira Perimetral quando o PT iniciou essa obra. Na tréplica, o petista voltou a dizer que não estava discutindo as obras, mas os equívocos cometidos e a falta de planejamento. “Os portais da cidade eram a grande saída para o transporte, onde estão?”, questionou.

O próximo a perguntar, Nelson Marchezan, também questionou Melo sobre as obras inacabadas. Melo iniciou a resposta agradecendo o PSDB por 11 anos de apoio a atual gestão e voltou a defender as obras da Copa. Na réplica, Marchezan pontuou que as obras tinham que ter sido terminadas antes da Copa. Na tréplica, Melo reconheceu os transtornos causados pelos atrasos, mas afirmou que elas estão trazendo melhorias para a cidade.

Ao perguntar para Dziedricki, Raul manteve o debate a cerca das obras atrasadas, dando como exemplo negativo a Av. Ceará. O petebista, que foi secretário de Obras municipal, se afastou da atual gestão e disse que implementará medidas para fiscalizar e agilizá-las. Em sua tréplica, Raul citou como exemplo de obra bem feita a Terceira Perimetral, que, segundo ele, não atrasou nenhum dia.

Finalizando o bloco, Dziedricki também questionou Luciana Genro sobre as obras atrasadas e ela afirmou que não era ela que apontava problemas, mas o tribunal de contas. A candidata ainda aproveitou para voltar a alfinetar Melo. “Eu não faço acusações ao vento, como o Melo fez contra o meu partido. A fraude no DEP e na Fasc e a existência de uma mesma pessoa vinculando as duas fraudes, que era um cargo de confiança e ainda é, se não me engano, foi averiguado por uma reportagem da RBS”, disse. Ela ainda disse que irá qualificar os quadros técnicos da Prefeitura para fazer licitações bem feita e melhorar a fiscalização. Na réplica, Dziedricki disse que irá modernizar a gestão reunindo as diversas secretarias da cidade que prestam serviços e que hoje estariam afastadas.

No último bloco, os candidatos responderam a pergunta “qual cidade do Brasil e do mundo você usaria como modelo para administrar Porto Alegre”. Melo citou Medellín, na Colômbia, como exemplo de enfrentamento da violência. Raul e Dziedricki afirmaram que o modelo era a Porto Alegre do Passado. Marchezan defendeu a política de segurança “Tolerância Zero” implementada em Nova York, Estados Unidos, na área de segurança. Já Luciana disse que se inspirará nas plataformas de participação digital de Madri, na Espanha.


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