Luís Eduardo Gomes
Após entrar em impasse com o sindicato patronal, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Canoas e Nova Santa Rita (Stimmmec) adotou a estratégia de cruzar os braços e realizar paralisações diárias para pressionar os empresários a melhorar a proposta de reajuste salarial para a categoria.
Em assembleia realizada no dia 20 de julho, os metalúrgicos rejeitaram uma proposta de reposição da inflação, 9,83%, em três parcelas – 3% retroativo a maio, 1,5% em setembro e 4,33% em dezembro – e convocaram greve para o dia 26. Seis dias depois, representantes da categoria e do sindicato patronal se reuniram em uma mesa de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho, mas não houve avanço nas negociações.
Desde o dia 26, os metalúrgicos têm realizado paralisações diárias – uma empresa de cada vez – para pressionar pela melhora das propostas de reajuste.
Por sua vez, após o encontro na Justiça, entre os dias 27 e 29, o Sindicato das Indústrias Metal Mecânicas e Eletro Eletrônicas de Canoas e Nova Santa Rita (Simecan) realizou uma assembleia em que reafirmou a posição de que não é possível conceder reajuste maior e enviou cartas aos departamentos de Recursos Humanos das empresas estabelecendo as regras do reajuste salarial e pedindo “união e coesão”. No documento, também destaca a importância de “se afastar de comportamentos de lideranças sindicais calcados apenas no interesse político, sem levar em conta a perda de conquistas da categoria profissional”.
Os metalúrgicos rebatem dizendo que toda as decisões são tomadas pela assembleia da categoria e respeitam o interesse da maioria. Eles também afirmam que estão cientes da crise econômica e que, por isso, só estão pedindo a reposição integral da inflação, diferentemente de outros anos em que a categoria mantinha a posição de pedir reajuste real. Além disso, Paulo Chitolina, presidente do sindicato, salienta que funcionários de algumas empresas já aceitaram propostas com parcelamento, mas em condições melhores do que o oferecido pelo Simecan.
Chitolina diz que a ideia é manter as paralisações diárias. Por outro lado, ele afirma que muitas empresas já têm procurado seus funcionários para apresentar propostas melhores do que a feita pelo sindicato patronal. “Estão melhorando a proposta e os trabalhadores estão aceitando”, diz Chitolina, salientando que cada caso está sendo tratado individualmente. “Ao todo, mais de dez metalúrgicas já apresentaram proposta melhor do que a rejeitada na assembleia geral”, garante.
Repressão policial
No último dia 4, os sindicalistas realizavam uma paralisação na entrada da metalúrgica Liess, em Canoas, quando a Brigada Militar foi acionada para liberar a entrada da fábrica. Curiosamente, no mesmo dia, parte da polícia militar participava de uma paralisação contra o parcelamento dos salários do funcionalismo público estadual.
A categoria repudiou a ação da BM. “Trabalhadores e trabalhadoras devem ser reconhecidos por seus serviços prestados, seja na iniciativa privada ou pública. A falta deste reconhecimento e da valorização é cobrada através das entidades sindicais que visam em suas ações defender sua categoria e garantir melhorias, tanto nas questões sociais quanto econômicas”, disse em nota.
Segundo Chitolina, três empresas já convocaram a polícia militar para retirar os sindicalistas da frente de suas fábricas. “As três que tiveram repressão policial eram do presidente do sindicato patronal, do vice-presidente e do coordenador da mesa de negociações”, diz.
O Simecan foi procurado, mas não se pronunciou até o fechamento da notícia.