Últimas Notícias > Geral > Areazero
|
13 de junho de 2016
|
20:08

Estudantes ocupam Assembleia Legislativa pedindo retirada de projetos

Por
Sul 21
[email protected]
Foto: Guilherme Santos/Sul21
Estudantes cantavam e pulavam no saguão da Assembleia Legislativa | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Débora Fogliatto

Os estudantes que há pouco mais de um mês ocupam cerca de 120 escolas em todo o Rio Grande do Sul deram um novo passo nesta segunda-feira (13), quando ocuparam também o saguão da Assembleia Legislativa. A medida foi tomada porque dentre as principais reivindicações dos jovens estão a retirada de dois projetos de lei: o PL 44/16, enviado pelo próprio governo do Estado, que transferiria parte da administração das escolas para organizações sociais, e o PL 190/15, do deputado Marcel Van Hattem (PP), que instituiria o programa “Escola Sem Partido”.

Desde as 14h, estudantes se concentravam na esquina entre o Palácio Piratini e a Assembleia Legislativa, cantando e falando de suas pautas. O protesto contava com secundaristas de organizações como a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), o Movimento Mudança e os coletivos Juntos, União da Juventude Socialista (UJS), Kizomba e Ação Libertadora Estudantil (ALE). Havia representantes de pelo menos dez escolas no ato, incluindo uma de Novo Hamburgo e outra de Canoas. “Ô ô Sartori, fala a verdade, educação nunca foi prioridade”, entoavam.

Pouco antes das 15h, eles começaram a trancar a rua Duque de Caxias e, após alguns minutos, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) chegou para fazer o bloqueio da via e o desvio pela General Auto. Conforme mais estudantes iam chegando, a animação aumentava. “Não tem arrego, privatiza minha escola e eu tiro seu sossego”, “venho de escola ocupada, de Médio e Fundamental. Secundas, é puro o sentimento, Sartori, tu vai se dar mal” eram algumas das músicas entoadas.

Foto: Guilherme Santos/Sul21
Protesto iniciou em frente ao Palácio Piratini, no começo da tarde | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Na última sexta-feira (10), o governo ingressou com uma ação na Justiça pedindo a desocupação das escolas em 48 horas para a retomada das aulas nesta segunda-feira. Eles decidiram não desocupar e fazer este ato de resistência. A semana passada foi marcada por tentativas de negociações e envios de propostas, mas não houve consenso.

Por volta das 16h, bastou que uma menina falasse ao microfone “agora vamos entrar na Assembleia, com a banda e tudo”, para que dezenas de estudantes fossem correndo para o prédio, passando pelas portas de vidro sem dar chances para os seguranças tentarem impedi-los. Chegando ao saguão, voltaram a cantar, criticando o governador José Ivo Sartori (PMDB) e o deputado Van Hattem. “Educação privatizada, nossa resposta é Assembleia ocupada”, anunciavam eles, que disseram que só pretendem sair quando tiverem a garantia de que o PL 44/16 não será votado.

“A gente está aqui pra dizer que a gente vai resistir até que a gente consiga a garantia de uma escola pública e de qualidade. A gente só vai sair daqui quando a gente barrar o PL 44/16, porque escola pública é um direito nosso”, afirmou Ana Paula Santos, da escola Protásio Alves. Os secundaristas pedem também para serem recebidos pela presidente do Legislativo, a deputada Silvana Covatti (PP).

Empolgados, os estudantes começaram também a adaptar músicas usadas em outros protestos, como “pisa ligeiro, pisa ligeiro, quem não pode com a formiga não atiça o formigueiro”, cantada por movimentos de moradia e de trabalhadores, que foi substituída para “quem não pode com secunda” e “quem não pode com as gurias”. Da mesma forma, a música criada em protestos contra o governo interino de Michel Temer “nem recatada e nem do lar, a mulherada tá na rua pra lutar” foi adaptada para “as estudantes tão na escola pra ocupar”.

Veja mais fotos:

Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21
 Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21
 Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21
 Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21

Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora