Luís Eduardo Gomes
Em uma cerimônia que contou com o aluguel de brinquedos como cama elástica e piscina de bolinhas, foram inaugurados, no início da tarde deste sábado, creche e o berçário da ocupação Lanceiros Negros, no Centro da Capital. Os espaços, localizados no primeiro andar do prédio e totalmente equipados para atender as cerca de 20 crianças de 0 a 4 anos, foram construídos pelos moradores com o apoio de “padrinhos”.
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Instalada desde 14 de dezembro em um prédio pertencente ao governo do estado na esquina das ruas General Câmara e Andrade Neves, a ocupação chegou a ter uma creche provisória, mas só agora conta com locais específicos para a educação das crianças. A sala de aula conta com uma biblioteca e gibiteca, mesa, cadeiras, quadro negro, nichos para os brinquedos, espaço para descanso. Já o Berçário tem quatro berços novinhos em folha, um para cada bebê de colo da lanceiros.
O mais novo deles, Samuel, que ainda não tem um mês, foi o primeiro a estrear os berços novos. Ele é filho de Gabriela Clara de Souza, que deu à luz dias antes da ação de reintegração de posse organizada pelo BM em maio. Na ocasião, passou a madrugada inteira sem saber se sua família seria despejada junto com as outras 70 que moram na ocupação, mas a operação acabou sendo suspensa após decisão judicial.
Gabriela está morando na Lanceiros há cerca de três meses com o marido, Carlos Roberto Marques Santana, e o outro filho, Luís, de 11 meses. Antes disso, eles moravam em um quarto alugado no bairro Partenon. “Era só um quadrado. Não tinha nem banheiro. Quando alguém ficava de pé, o outro tinha que subir na cama”, diz, acrescentando que a família procurou a Lanceiros quando estava para ser despejada. Agora, seus filhos tem espaço suficiente para poder brincar. “O Luís está aprendendo a caminhar aqui”, diz.
Maite Soraya mora com seus três filhos na ocupação. Antes da inauguração da creche, não tinha com quem deixar a mais nova, de 2 anos e cinco meses, o que dificultava sua procura por emprego. “O bom da creche é conseguir sair sem se preocupar”, diz.
Gabriela, que trabalha como atendente em um restaurante, também comemora o fato de a ocupação ter um espaço voltado para as crianças. “A creche pra mim é uma maravilha. Eu posso deixar os dois na creche sabendo que é eles vão ficar em segurança”, afirma.
Inicialmente, a ideia é que moradores da ocupação se revezem no cuidado das crianças. Posteriormente, o objetivo é poder contar com profissionais com dedicamento exclusivo e, talvez, até atender meninos e meninas de fora da Lanceiros.
O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), que organiza a ocupação, também está lançando uma campanha de “apadrinhamento” e “amadrinhamento” para ajudar na manutenção da creche e do berçário, com a doação de brinquedos, mantimentos, fraldas ou até recursos financeiros. Atualmente, eles já contam com alguns parceiros, como o Sindbancários, que ajudou no aluguel dos brinquedos para a festa de inauguração da creche.
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