Últimas Notícias > Política > Areazero
|
20 de maio de 2016
|
12:48

“Formar uma frente de esquerda em Porto Alegre é uma necessidade histórica”

Por
Sul 21
[email protected]
“Formar uma frente de esquerda em Porto Alegre é uma necessidade histórica”
“Formar uma frente de esquerda em Porto Alegre é uma necessidade histórica”
Raul Pont: "Esses momentos eleitorais, na maioria das vezes, acabam atrapalhando a composição de uma frente comum das forças de esquerda no Brasil. Mas essa é uma necessidade histórica para esse período que estamos vivendo". (Foto: Guilherme Santos/Sul21)
Raul Pont: “Esses momentos eleitorais, na maioria das vezes, acabam atrapalhando a composição de uma frente comum das forças de esquerda no Brasil. Mas essa é uma necessidade histórica para esse período que estamos vivendo”. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Marco Weissheimer

O Diretório Municipal do PT decidiu, quarta-feira (18), por unanimidade, apontar Raul Pont como o nome que o partido vai disponibilizar para a construção de uma frente de esquerda que deverá disputar a eleição para a prefeitura de Porto Alegre este ano. As outras duas pré-candidaturas que tinham sido definidos ainda em 2014, o deputado federal Henrique Fontana e a deputada federal Maria do Rosário, decidiram apoiar o nome de Pont para a disputa. Também apontado como um possível nome para a disputa, o ex-governador Olívio Dutra decidiu não concorrer e, assim como Fontana e Maria do Rosário, abriu apoio para o ex-prefeito de Porto Alegre. A composição definitiva da chapa deverá ser definida nas próximas semanas. O PCdoB de Porto Alegre realiza sua plenária eleitoral no dia 25 de maio, com as suas pré-candidaturas para a Câmara de Vereadores, quando poderá apontar um nome para compor a chapa com Raul Pont. Outros partidos também serão ouvidos neste processo.

Em entrevista ao Sul21, concedida na noite de quinta-feira (19), no início do ato da Frente Fora Temer, na Esquina Democrática, Raul Pont falou sobre o significado da decisão do Diretório Municipal do PT e sobre o novo sentido que as eleições municipais deste ano adquiriram com o processo de golpe em curso contra a presidenta Dilma Rousseff.

Sul21: Como você avalia o contexto em que as eleições municipais deste ano ocorrerão e qual deve ser o sentido dessa candidatura de frente que PT, PCdoB e outros partidos estão discutindo?

Raul Pont: O caráter de unanimidade da decisão tomada pelo Diretório Municipal do PT em Porto Alegre representou uma convocação para construirmos, não só a resistência da luta democrática contra o golpe e a ilegalidade e ilegitimidade do governo Temer, como também para formarmos uma frente política forte e importante em Porto Alegre com nossos aliados tradicionais do campo da esquerda, unindo essa luta da resistência democrática com um programa para a cidade. Esse é o grande desafio que vamos enfrentar. Nesta eleição, não haverá como disponibilizar uma coisa da outra.

Sul21: Do ponto de vista de um programa para a campanha, por onde pode passar a junção desses dois pontos: o cenário nacional e os problemas do município?

Raul Pont: Hoje, a maioria esmagadora dos municípios depende de um conjunto de programas sociais e de políticas nas áreas de saneamento e educação, entre outras. Com a política neoliberal que está sendo montada por Temer, que procura atacar e desmontar todas essas políticas anteriores, os municípios vão pagar um preço altíssimo. Não são só os aposentados. Estes talvez sejam os primeiros. Eu sou aposentado do INSS e sei muito bem do que estou falando. Esse golpe contra a Previdência, desmembrando e liquidando os fundos de pensão do setor público, colocando-os sob controle do sistema financeiro, sinaliza o que é este governo.

A posse do Serra, um renegado da luta popular dos anos 60, no Ministério das Relações Exteriores, já deixou claro o alinhamento que a política internacional vai ter com os Estados Unidos e com a Europa, com uma subordinação aos acordos bilaterais, no momento em que estávamos experimentando uma enorme riqueza de relações com a África, com a Ásia e outras regiões do mundo, rompendo essa visão unipolar que os Estados Unidos tentam impor.

Acredito que a campanha terá esse papel e esse perfil. Talvez seja por essas razões que tivemos essa convocação unânime da direção do partido que entendeu que o meu nome e a minha trajetória política expressaria bem esse contexto. Nós temos ainda um caminho a percorrer. Vamos realizar o nosso encontro municipal. Até lá queremos avançar bastante nas conversas com o PCdoB para a composição da frente que queremos construir.

Sul21: Como está esse processo de conversas com o PCdoB?

Raul Pont: Está indo muito bem e também pretendemos conversar com outras forças de esquerda com todos os partidos que, nacionalmente, assumiram uma postura contra o golpe. Mesmo que algumas delas já tenham sinalizado candidatura própria, temos que tentar, neste período pré-eleitoral, esgotar todas as possibilidades de ter uma grande frente político-eleitoral deste campo para essa eleição. Não se trata de uma exigência só para esse momento eleitoral. Esses momentos eleitorais, na maioria das vezes, acabam atrapalhando a composição de uma frente comum das forças de esquerda no Brasil. Mas essa é uma necessidade histórica para esse período que estamos vivendo e que vamos viver no próximo período. Temos a obrigação de sentar à mesa para conversar. Pretendo fazer isso e já conversei com alguns dirigentes dessas forças, como a Luciana, o Ruas e a Juliana Brizola, entre outros. A ideia é continuar esse debate para ver o quanto conseguimos avançar na direção de uma unidade neste período histórico muito difícil e desafiador para a esquerda.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora