Débora Fogliatto
Seguindo os passos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, estudantes da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, a maior instituição de ensino superior privado no Estado, lançaram nesta terça-feira (22) uma frente pela democracia e contra o golpe. A partir da ideia de que a participação dos jovens é fundamental no momento político pelo qual o país passa, alunos e militantes de movimentos sociais e organizações estudantis se organizaram em encontro em frente ao chafariz localizado na entrada da universidade.
O ato contou principalmente com a presença de alunos da graduação, da pós e ex-alunos. Sérgio Macedo, que representou a Frente dos Advogados contra o Golpe, graduou-se na instituição, ainda na época da ditadura militar. “Quando eu tinha a idade de vocês, era proibido se manifestar assim. Me formei aqui na PUC e fizemos um grande movimento pelo fim da ditadura e, após, pelas Diretas Já”, lembra.
O estudante de Jornalismo Lucas Maróstica também destacou a importância da juventude em momentos como este. “A nossa geração tem ocupado as ruas para defender a democracia e barrar o golpe. Sabemos do papel dos jovens na derrubada da ditadura, temos uma grande tarefa aqui”, apontou. Já Thaís Berg, da União Estadual dos Estudantes — Livre, recordou o papel do Rio Grande do Sul durante a campanha da Legalidade. “O nosso estado foi protagonista naquela época e agora vamos mostrar que ainda defendemos a democracia. Tem muita gente aqui que é a primeira pessoa em sua família a entrar na universidade, e é isso que incomoda eles”, afirmou.
O caráter de classe média alta das manifestações que pedem o impeachment de Dilma foi mencionado diversas vezes durante as falas. Em Porto Alegre, estes atos ocorrem no Parque Moinhos de Vento, coração de um dos bairros mais nobres da capital gaúcha. “Antes, eles [a elite] entravam onde quisessem porque tinham dinheiro, e agora eles têm que dividir o espaço com a gente. Mas não podemos baixar a cabeça”, colocou Carlos Portela, da União Nacional dos Estudantes.
A estudante de Direito da instituição Pérola Sampaio falou sobre a melhora das condições de vida das pessoas negras durante os últimos 12 anos, destacando que com as cotas e os programas de assistência estudantil, houve integração real na sociedade. “Estamos sim ocupando as universidades, onde é o nosso lugar. A história dos nossos avós foi uma, a dos nossos pais foi uma, e a nossa é outra, porque estamos aqui”, reiterou.
Na mesma linha, a estudante de Pós-Graduação Suelen Aires, que milita no Movimento Nacional de Luta pela Moradia, contou que foi cotista na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e que percebe que “eles não nos queriam aqui, não toleram que a gente esteja aqui”.
Ao final de cada fala, os participantes entoavam “não vai ter golpe, vai ter luta”, “sou estudante, é pra valer, não vou deixar esse golpe acontecer”, ou “Sérgio Moro, seu salafrário, tá fechado com o lucro do empresário”. O grupo combinou de manter contato, através das redes sociais, para organizar mais manifestações, assim como participar do ato pela democracia marcado para o dia 31 na Esquina Democrática.
Paralelamente, estudantes ligados ao Movimento Brasil Livre e à Banda Loka Liberal realizaram um ato, também dentro da PUC, pedindo o impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT). Próximos dos prédios 7 e 8, eles cantavam “chora petista, bolivariano, a roubalheira do PT tá acabando”. Em alguns momentos, estudantes ligados a este movimento foram até o ato da Frente e provocaram os manifestantes presentes, sendo vaiados, mas não causando maiores confusões.
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