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2 de março de 2016
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13:54

Após ‘vitórias’ de Hillary e Trump na Super Terça, entenda como ficou o cenário das eleições nos EUA

Por
Luís Gomes
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Após ‘vitórias’ de Hillary e Trump na Super Terça, entenda como ficou o cenário das eleições nos EUA
Após ‘vitórias’ de Hillary e Trump na Super Terça, entenda como ficou o cenário das eleições nos EUA
Donald Trump (esq.) e Hillary Clinton venceram na maioria dos Estados em disputa na Super Terça | Foto: Reprodução
Donald Trump (esq.) e Hillary Clinton venceram na maioria dos Estados em disputa na Super Terça | Foto: Reprodução

Luís Eduardo Gomes

A Super Terça é considerada o Dia D das primárias partidárias para as eleições dos Estados Unidos, uma vez que é a data no calendário eleitoral em que mais estados vão às urnas simultaneamente. Como esperado, este 1º de março ajudou a clarear a situação da corrida presidencial, com Hillary Clinton e Donald Trump vencendo a maioria das disputas em jogo pelos partidos Democrata e Republicano, respectivamente. No entanto, se a chance de ambos estarem frente a frente nas eleições gerais, marcadas para o mês de novembro, cresceu, ainda não é uma certeza matemática. A seguir, entenda como está a situação em cada partido.

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Partido Democrata

Do ponto de vista meramente matemático, Hillary impôs ao socialista declarado Bernie Sanders uma grande derrota na noite de terça. Venceu sete estados (Alabama, Arkansas, Georgia, Tennessee, Texas, Virginia, e Massachusetts) e perdeu quatro (Vermont, Colorado, Minnesota e Oklahoma), mas como a divisão dos delegados – que decidem de fato a eleição – é feita pela proporcionalidade dos votos, amplas vitórias em Estados populosos como Texas, Virgínia e Georgia a dão uma confortável liderança de 492 a 330 neste quesito.

Essa vitória ocorreu em grande parte pelo fato de Hillary estar atraindo muito mais votos entre a comunidade negra dos EUA, que compõe uma parte expressiva do eleitorado democrata nesses Estados sulistas, e em que a ex-secretária de Estado venceu com proporções que superaram os 2 votos para 1 um de Sanders.

Sanders por outro lado, também tem motivos para comemorar. Projetado para estar dezenas de pontos percentuais atrás de Hillary, ele já alcançou a vitória em cinco estados e há uma boa possibilidade de ter deixado a parte mais difícil de sua campanha para trás, uma vez que sua mensagem de aumento de gastos públicos para educação e saúde, principalmente, era mais difícil de ser captada nos estados tradicionalmente conservadores do Sul, que votam sempre com os republicanos nas eleições gerais.

Por outro lado, ele conseguiu uma vitória com boa margem em um desses Estados, Oklahoma, e sua derrota menos inesperada, em Massachusetts, se deu por menos de 3% dos votos. Além disso, pesquisas nacionais recentes já o colocaram, inclusive, na liderança da preferência do eleitorado democrata em todo o país.

Na pior das hipóteses, Sanders já conseguiu colocar o seu discurso, calcado fortemente no combate às desigualdades, no centro do debate político democrata e poderá se tornar peça central na disputa eleitoral quando ela migrar para o confronto direto entre partidos.

De qualquer forma, a Super Terça deixou claro que Hillary só perderá a chance de estar nesta disputa se Sanders obter vitórias expressivas em Estados populosos que ainda estão por vir, como Flórida, Ohio, Nova York e Califórnia.

Partido Republicano

Do outro lado, o que se viu foi mais uma grande vitória para o bilionário Donald Trump. Dos 11 Estados em jogo, foram sete vitórias (Alabama, Arkansas, Georgia, Tennessee, Virginia, Massachusetts e Vermont), contra três de Ted Cruz (Texas, Alaska e Oklahoma) e uma de Marco Rubio (Minnesota). Do ponto de vista de delegados, obteve 233, contra 188 de Cruz e 90 de Rubio. Ainda há outros dois candidatos na disputa, John Kasich e Ben Carson, com uma quantidade quase ínfima de delegados somados até agora.

Para Trump, o ponto mais importante desta terça é que ele conseguiu vitórias importantes em estados populosos do Sul, que, até pouco tempo, eram considerados como vitórias certas para o conservador evangélico Ted Cruz. Soma-se a isso o fato de que lidera nas pesquisas na maioria dos estados restantes, incluindo os populosos Ohio e Flórida, que irão as urnas nas próximas semanas.

Por outro lado, para quem torce contra Trump – o que inclui as principais lideranças do próprio Partido Republicano -, o cenário parece estar consolidado. Somados, Cruz e Rubio obtiveram mais votos que o bilionário em quase todos os estados, o que leva a crer que, no momento em que um deles decidir abandonar a corrida, o outro terá boas chances de ver seu nome como candidato republicano em novembro, desde que, obviamente, receba o apoio dos eleitores do adversário. Sabendo disso, Cruz, em seu discurso após o fechamento das urnas, convocou Rubio, Kasich e Carson a abandonarem a disputa e se unirem a ele para vencer Trump.

O grande problema é saber quando isso ocorrerá. Rubio, senador pela Flórida, conseguiu apenas uma vitória, mas ainda tem a esperança de mudar o rumo das eleições com uma vitória em seu estado. No entanto, segundo as pesquisas, Trump está na frente na região. Caso essa derrota se confirme, é provável que aí sim a disputa se torne um ‘mano a mano’ entre o bilionário e Cruz. O mesmo vale para Kasich, governador de Ohio, que parece estar esperando a disputa em seu estado para tomar uma decisão.

Vale lembrar ainda que a disputa entre os republicanos têm um componente importante a partir de agora, o fato de que os delegados nos próximos estados são decididos pelo sistema o ‘vencedor leva todos’, o que permite que diferenças momentâneas no total de delegados ainda possam ser superadas nos estados populosos que ainda estão por vir.

De qualquer forma, mantido o cenário atual, Trump deve seguir obtendo mais vitórias nos próximos estados.


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