Luís Eduardo Gomes
O ano de 2015 foi marcado por uma verdadeira guerra entre os servidores do Executivo e o governo do Estado. Além de encaminhar para a Assembleia Legislativa aprovar projetos que reduziram direitos dos trabalhadores, o governador José Ivo Sartori apimentou essa disputa em diversas ocasiões com declarações polêmicas.
No entanto, as disputas com os servidores não foram a única fonte de polêmicas para o governo do Estado. Secretários de governo também contribuíram com frases que deram o que falar. A seguir, relembre 10 polêmicas que marcaram 2015.
1) Após sancionar reajuste para políticos, Sartori afirma: “É uma pena que outros setores ganhem pouco”
A primeira grande polêmica do governador José Ivo Sartori veio logo no início do ano. Após sancionar o reajuste salarial para ele próprio, p vice-governador, secretários, deputados estaduais, Ministério Público, Judiciário e Defensoria Pública, ele rebateu às críticas aos reajustes com esta declaração:
“É uma pena que outros setores ganhem pouco. Se você compara com aqueles que ganham pouco que as vezes produzem com realismo e não conseguem o ganho que gostariam de ter e se fizesse a comparação evidentemente eu conseguiria entender toda a situação que existe para todos”, declarou ao concluir a primeira entrevista sobre os reajuste.
2) Wantuir Jacini culpa mães pela violência
Em 20 de abril, foi a vez do secretário de Segurança Pública, Wantuir Jacini, causar polêmica ao afirmar que as mães tê parte da responsabilidade pela violência no Estado. “Antigamente, o pai era apenas o provedor do lar e a mãe ficava fazendo a educação. Hoje a mãe sai para prover o lar também e as crianças ficam sozinhas, ficam na rua, à mercê de todos os criminosos, principalmente nas periferias”, disse Jacini, em entrevista para a Rádio Gaúcha.
3) Sartori diz que Estado plantou sementinha após aprovação de congelamento de salários
Em 15 de julho, governador Sartori causou grande polêmica entre os servidores públicos do Estado ao comemorar a aprovação, pela Assembleia Legislativa, da Lei de Diretrizes Orçamentárias como uma sementinha que estava sendo plantada.
“Essa lei começa a desenhar para o futuro a melhoria da situação financeira do nosso estado. É apenas o início, uma sementinha como eu digo sempre, mas é uma atitude decisiva para melhorar a situação do estado”, disse. A lei determinando o congelamento de salários dos servidores para 2016 foi aprovada em sessão tumultuada.
4) Em meio a parcelamentos, Sartori manda cortar o ponto
Em 18 de agosto, após os servidores reunirem mais de 35 mil pessoas em um grande ato no Largo Glênio Peres e decidirem por uma greve geral de 3 dias, o governador Sartori deu uma breve coletiva em que se limitou a dizer que estava determinando o corte no ponto de quem aderisse à greve. “Já disse aos secretários que presença é presença e falta é falta e vamos descontar dias parados”, disse em pronunciamento.
Sartori também disse não entender os motivos para a greve geral. “Consideramos a manifestação de hoje democrática, mesmo que possamos entender diferentes até porque as razões não existiam tendo em vista que os salários foram pagos”, disse. No final daquele mês, o governo voltaria a parcelar os salários.
5) Remédio amargo e Estado na UTI
Em 20 de agosto, o governador Sartori voltou a dar munição para os seus críticos ao justificar a necessidade de encaminhar um projeto prevendo aumento de impostos como uma remédio amargo para o Estado. “Usamos todos os remédios possíveis até aqui. O remédio é amargo, porque o Estado está na UTI”, disse o governador ao anunciar o pacote da quarta fase de ajuste fiscal.
6) Em meio ao parcelamento de salários, Sartori dança e diz que só fala de Expointer
No final de agosto, após anunciar novo parcelamento dos salários dos servidores estaduais, o governador Sartori foi flagrado dançando ao lado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, na Expointer. Para piorar a bola fora, ao conceder entrevista, afirmou que só falaria sobre o evento.
“Os servidores e suas famílias merecem atenção, mas as explicações e todos os detalhes serão dados na segunda-feira no Piratini. Agora o principal é a Expointer 2015. Muito obrigado!”, disse ao ser questionado sobre o parcelamento dos salários.
7) Jacini sugere que “pessoas mais desprendidas” façam trabalho da polícia
Em 27 de setembro, o secretário de Segurança, Wantuir Jacini voltou a causar polêmica ao afirmar que a população poderia exercitar o papel de polícia e agir por conta própria quando presenciar algum crime.
“Concordo que a sociedade não tem esse preparo, no entanto, a lei permite que qualquer cidadão prenda em flagrante quem estiver cometendo crimes. A obrigação é da polícia, não estou dizendo que todo cidadão faça isso, mas as pessoas mais desprendidas que fizerem estão respaldadas pela lei. Melhor seria não atuar, mas se for inevitável, que atuem”.
8) João Gabbardo desestimula realização de exames preventivos para o câncer de próstata
Em 3 de novembro, foi a vez do Secretário de Sáude, João Gabbardo, causar polêmica ao afirmar que não era recomendado para homens fazer exames de rotina para prevenção do câncer de próstata.
“Não recomendamos que sejam feitos exames de rastreamento em todos os homens a partir de uma certa idade, o PSA (exame de sangue) e o exame de toque retal. Os trabalhos científicos atualmente demonstram que não existe nenhuma vantagem de as pessoas fazerem exames dessa forma”, disse Gabbardo em entrevista à Rádio Gaúcha no dia 3 de novembro.
9) “Deem graças a Deus que vocês têm estabilidade”
Em novembro, Sartori voltou a enfurecer o funcionalismo ao afirmar que os servidores públicos do Estado deveriam dar “graças a deus” por terem estabilidade. “Ainda hoje numa reunião com os servidores eu disse: ‘vocês às vezes reclamam porque têm penalização, às vezes parcelou salário, às vezes não receberam em dia. Deem graças a Deus que vocês têm estabilidade, que têm garantia no trabalho. Agora os outros que estão perdendo o emprego e não têm oportunidade”, disse Sartori.
10) Jacini diz que protesto pacífico é mais perigoso que queima de ônibus
Em 2 de dezembro, um dia após Porto Alegre registrar um episódio de queimas de ônibus e lotação, o secretário Wantuir Jacini afirmou que um protesto pacífico que trancou uma avenida na zona sul por algumas horas era mais prejudicial à população do que o ataque dos criminosos. “Na avaliação da Inteligência (setor), foi mais gravoso na sociedade porque impediu o direito de ir e vir”, argumentou o secretário.
