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12 de agosto de 2015
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11:38

Comitiva gaúcha de 530 mulheres participa da Marcha das Margaridas

Por
Sul 21
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Delegação gaúcha participou de ato já nesta manhã | Foto: Fetag-RS
Delegação gaúcha participou de ato já nesta manhã | Foto: Izabel Rachelle/ Fetag-RS

Débora Fogliatto*

Milhares de mulheres do campo participam, em Brasília, da quinta edição da Marcha das Margaridas, que começou na terça-feira (11) e culmina em uma grande caminhada que será realizada nesta quarta (12). Dentre as manifestantes, 530 são gaúchas, que chegaram tanto de ônibus quanto de avião. Uma comitiva de representantes da Marcha foi recebida pela presidente Dilma Rousseff (PT) no último dia 6, quando apresentaram suas demandas, e após a caminhada devem voltar a se reunir com a presidência para obter respostas.

Margaridas seguem em marcha pelo desenvolvimento sustentável com democracia, justiça, autonomia, igualdade e liberdade. Este é o tema central da quinta marcha, que reúne 27 federações e 11 entidades parceiras e é a maior marcha de mulheres da América Latina. São esperadas, neste ano, 70 mil participantes. Além de apresentar pautas sobre as necessidades das mulheres do campo, da floresta e das águas, a Marcha também busca se contrapor ao conservadorismo político atual, que consideram que pode levar ao retrocesso de conquistas das mulheres e dos trabalhadores em geral.

De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), uma das entidades organizadoras do ato, a marcha existe para “denunciar o modelo concentrador, degradador e excludente do agronegócio, que contamina os bens da natureza e impacta na perda da biodiversidade e na saúde da população, com o uso de agrotóxicos e transgênicos; impõe tecnologias que desconsideram os saberes e culturas tradicionais; explora as trabalhadoras e trabalhadores, inclusive se valendo do trabalho escravo, e provoca a violência no campo, especialmente pela expulsão dos povos e populações de seus territórios”.

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Última marcha havia sido realizada em 2011 | Foto: Antônio Cruz/ABr

Para a coordenadora de Mulheres da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Inque Schneider, a marcha é “fundamental”. “É nossa quinta marcha. Viemos sempre para reivindicar as nossas necessidades, principalmente as políticas públicas que tem que vir, como crédito fundiário, saúde, habitação, além de outras questões como a violência contra a mulher”, afirmou.

Mas para além das pautas do campo, as margaridas também repudiam a ofensiva das forças “reacionárias, anti-direitos e fundamentalistas”, ameaçando a democracia e direitos conquistados, além de propagando “sexismo, misoginia, racismo e ódio de classe”. Apesar de ser a quinta edição, a Marcha está completando 15 anos e também marca os 32 anos do assassinato de Margarida Alves, que dá nome à mobilização.

Margarida Maria Alves foi a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba, assassinada em 12 de agosto de 1983, a mando de latifundiários da região. Ela tornou-se símbolo da luta das mulheres rurais por ter, por mais de dez anos à frente da entidade, lutado pelo fim da violência no campo, por direitos trabalhistas como respeito aos horários de trabalho, carteira assinada, 13º salário, férias remuneradas. Margarida dizia que “É melhor morrer na luta do que morrer de fome.”

Delegação estrangeira foi recebida nesta terça-feira | Foto: Izabel Rachelle/ Fetag-RS
Delegação estrangeira foi recebida nesta terça-feira | Foto: Izabel Rachelle/ Fetag-RS

Apesar da abertura estar marcada para a noite desta terça-feira (11), as mobilizações já começaram durante a manhã. A comitiva gaúcha participou, juntamente com outras participantes, de um ato na frente do Ministério da Fazenda para pedir à presidente Dilma que anuncie o decreto de regulamentação do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF).

Já no final da manhã, uma roda de conversa reuniu participantes brasileiras com as trinta e duas mulheres vindas de outros países da América Latina. Elas vieram para somar-se à marcha e levar a experiência de volta a seus países: Chile, Panamá, Equador, Peru, Uruguai, Moçambique, Paraguai, Guatemala, México, El Salvador, Bolívia, Costa Rica, Honduras, Argentina, Venezuela e Colômbia.

*Com informações da Fetag, Contag e EBC


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