Areazero
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31 de maio de 2015
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18:51

Projeto ‘Lê Pra Mim?’ leva o mundo dos livros a crianças de escolas públicas

Por
Sul 21
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Projeto ‘Lê Pra Mim?’ leva o mundo dos livros a crianças de escolas públicas
Projeto ‘Lê Pra Mim?’ leva o mundo dos livros a crianças de escolas públicas
 Foto: Caroline Ferraz/Sul21
“O esconderijo das vontades” foi uma das histórias lidas | Foto: Caroline Ferraz/Sul21

Débora Fogliatto

Cerca de 20 crianças da Instituição Lar Esperança ouviam atentamente duas histórias contadas na manhã da última quinta-feira (28), no Memorial do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Elas vinham do bairro Mario Quintana, onde fica a entidade, que funciona tanto como abrigo para crianças órfãs quanto como escola de educação infantil. O momento foi propiciado pelo programa Lê Pra Mim?, uma iniciativa da produtora cultural independente Somar Ideias que já levou histórias para 13 mil crianças.

O projeto chegou a Porto Alegre em seu quinto ano de realização, após começar no Rio de Janeiro, em 2010, e passar por São Paulo, Salvador, Belém, Brasília, São Luís, Teresina, Belo Horizonte e Juiz de Fora. A ideia foi da atriz Sônia de Paula, que chamou seu sócio Marcelo Aouila para criar o Lê Pra Mim?. Eles começaram a se inscrever em editais e foram selecionados, com o apoio dos Correios. Desde então, a parceria se renova ano a ano. A ideia consiste em procurar pessoas conhecidas em cada cidade e levá-las para ler livros selecionados para crianças de 4 a 11 anos.

 Foto: Caroline Ferraz/Sul21
Sônia acredita estar “plantando uma sementinha” | Foto: Caroline Ferraz/Sul21

O objetivo é fomentar o gosto pela leitura, a partir da relação da criança com o contador da história. “De alguma forma, as crianças conhecem eles, assim fica mais fácil para plantar a sementinha”, diz Sônia, explicando que acredita estar “plantando uma sementinha” em crianças que podem vir a ser, elas próprias, escritoras. “Não sei se eu vou ver, mas tenho certeza que meus netos e bisnetos vão ver esses frutos”, apontou.

A produtora não tem fins lucrativos, por isso o projeto precisa das verbas vindas dos editais dos quais participa. No próximo ano, os organizadores pretendem continuar a “turnê”, expandindo para cidades das regiões Centro-Oeste e Norte. “Não queremos ficar sempre nas mesmas regiões, mas sim ter diversidade nos locais”, afirmou Marcelo.

Os livros lidos nesta quinta-feira foram “O esconderijo das vontades”, de Jonas Ribeiro, com ilustrações de Laura Michell, e “Um Corvo Torto”, de Helga Bansch. As histórias foram contadas pelo jornalista Roger Lerine e pelo músico Thedy Corea.

Apesar de parecerem um pouco cansados quando a primeira história terminou, os pequenos de 4 e 5 anos do Lar Esperança ficaram entretidos, participando e prestando atenção. Para a coordenadora pedagógica Fátima Peres, a iniciativa é “maravilhosa”. “Nós já tínhamos trabalhado a questão da leitura com as educadoras, então veio bem ao encontro com a nossa proposta”, afirmou.

Os estudantes são de famílias de baixa renda, ou moradores do abrigo que funciona na instituição. A escola existe há 55 anos, é filantrópica e conveniada com a prefeitura. Em casos de escolas públicas ou comunitárias, o projeto também fornece um ônibus para que as crianças cheguem até o local. Os pequenos, além de aproveitarem a história, também adoraram o passeio. “Gostei muito da escola do corvo e do passeio. Eu vi um lago bem grande, com um navio”, contou Giovana, de 4 anos.

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Ricardo prefere as histórias “compridas” | Foto: Caroline Ferraz/Sul21

Christofer, da mesma idade, também estava impressionado com a distância entre a creche e o Memorial. “A gente veio de Porto Alegre”, disse, confundindo-se em função da distância entre o bairro e o centro da cidade antes. “As histórias que eu mais gosto são de fantasmas”, afirmou ele, que aprecia ouvir pessoas lendo. O que também animou os alunos foi o presente recebido no final: um livro e um lanche.

“Eu adoro essa bolacha!”, exclamou o pequeno Ricardo, que contou gostar mais de “histórias bem compridas, que nem uma que tem em casa” e que o avô conta aos poucos. Ele também gosta de ir à escola, jogar bola e brincar com os amigos. As crianças foram pela primeira vez ao Memorial do Rio Grande do Sul, local escolhido para abrigar os encontros do projeto.

O coordenador Marcelo Aouila explica que sempre procura um ponto turístico, de preferência no Centro Histórico, nas cidades onde vão. “Aqui estamos no Memorial do Rio Grande do Sul, um prédio que historicamente abriga os Correios e está na Praça da Alfândega. E sempre escolhemos um museu, para as crianças poderem visitar o museu também, conhecerem a exposição”, afirmou, garantindo que o local foi a escolha perfeita.

Para fazer o contato com as escolas, há um produtor local que auxilia em cada uma das cidades por onde o projeto passa. Um intérprete de libras também participa da “contação”, mesmo que não haja crianças surdas na plateia, já com a ideia de fazê-las se acostumarem à linguagem de sinais, segundo os organizadores.

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