Débora Fogliatto
O governo do Rio Grande do Sul deu início, na segunda-feira (27), ao fechamento de casas voltadas à desinstitucionalização de pacientes atendidos pelo sistema de saúde mental. A casa de teatro, onde aconteciam os ensaios do grupo Nau da Liberdade, foi desativada e suas instalações movidas para o Clube da Amizade do Hospital Psiquiátrico São Pedro. Na semana passada, um Sarau foi realizado para marcar o fim das atividades.
O fechamento desta casa e de outras duas — que se tornariam residenciais terapêuticos — foi anunciado pela Secretaria Estadual da Saúde há cerca de um mês. O cancelamento do contrato de aluguel, com valor de R$ 7.600 mensais, seria justificado porque, segundo a administração, a casa não estaria “cumprindo sua destinação original”. Sem fornecer maiores detalhes, a assessoria de imprensa da SES informou apenas que o grupo já tinha uma área reservada para continuar seu trabalho dentro do Hospital São Pedro.
Para o grupo, no entanto, essa não é a melhor opção. Eles afirmam que irão continuar buscando recursos para que não precisem depender da área hospitalar, visto que seu objetivo é exatamente se distanciar do ambiente de institucionalização, segundo funcionárias. Elas avaliam a participação em editais públicos de cultura e a doação de um terreno por parte de uma usuária da rede de saúde mental para continuar os trabalhos.
A casa era usada pelo grupo Nau da Liberdade desde dezembro, após anos realizando oficinas de teatro de forma isolada nos residenciais terapêuticos e no Hospital São Pedro. Com o corte de gastos da gestão estadual, duas funcionárias contratadas já haviam sido demitidas, restando apenas outros dois funcionários, concursados.
Nesta quarta-feira (29), a comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa realiza audiência pública a partir das 10h para tratar da gestão de saúde mental no Estado. O fechamento da casa de teatro e de dois residenciais terapêuticos serão abordados na ocasião.
