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12 de março de 2015
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17:15

Sindicalistas abraçam a Petrobras e marcham pelo centro da Capital em defesa da democracia

Por
Sul 21
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Por Filipe Castilhos/Sul21
Manifestantes na chegada ao centro da Capital | Foto: Filipe Castilhos/Sul21

Da Redação 

Desde as 6h desta quinta-feira (12), as centrais sindicais e movimentos sociais do campo e da cidade se mobilizam para ocupar a capital gaúcha em nome da democracia e contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Milhares de pessoas foram às ruas contra “o oportunismo da mídia e da oposição” na exploração da Operação Lava Jato.

Por volta das 7h, aproximadamente mil trabalhadores desceram dos ônibus vindos de diversas cidades do interior do Estado na Refinaria Alberto Pasqualini, em Canoas. Organizada com camisetas em defesa da Petrobras, a pluralidade de sindicalistas compartilhava o mesmo discurso. “Temos a humildade de deixar nossas pautas cooperativas para nos unir com outras categorias porque a defesa da Petrobras cabe a todos os trabalhadores. O petróleo é nosso e deve ser destinado para saúde e educação, que todos precisam”, defendeu Marco Antônio Trieiveiler, da Via Campesina.

Cerca de 4 mil camponeses que acampam na capital desde terça-feira (10), se uniram aos atos desta quinta-feira (12). A mobilização integra agenda nacional de lutas das centrais em defesa do governo eleito e contra a especulação do mercado internacional na exploração do petróleo brasileiro. “As pessoas que cometeram crimes, que sejam punidas. Mas não podem penalizar os 85 mil trabalhadores. Estamos retomando o amor próprio com os funcionários que enfrentam a cobrança da sociedade nas ruas pelo dinheiro público desviado como se todos fossem corruptos”, diz o integrante do Sindipetro RS, Fernando Maia da Costa.

Por Filipe Castilhos/Sul21
Manifestantes no centro da capital em defesa da Petrobras | Foto: Filipe Castilhos/Sul21

Segundo ele, os trabalhadores não concordam com a excessiva exploração do nome da companhia para servir aos interesses políticos e estrangeiros. “Não temos dúvida que há um interesse em privatizá-la. A história da Petrobras surge do enfrentamento dos interesses de países exploradores do petróleo. Continuamos enfrentando esta mesma resistência das multinacionais hoje. Assim como a Venezuela, segunda maior reserva de petróleo do mundo, que vive em atrito com Estados Unidos. No Brasil, com certeza há este lobby no Congresso Nacional e na mídia”, denuncia o petroleiro.

A cada fala de lideranças, o Levante Popular da Juventude contribuía com mensagem política em forma de música. “Dessa vez, custe o que custar, a Petrobras não vai privatizar. Lá no morro ninguém mais acredita nas mentiras que a Globo vai contar”, cantavam os jovens de Porto Alegre, Região Metropolitana e Rio Grande.

Quadros políticos do Partido dos Trabalhadores também integraram o ato na refinaria. Entre eles, o ex-deputado estadual Raul Pont. Ele considerou a ação uma atitude consciente das centrais sindicais em contraponto à manifestação convocada para o próximo domingo (15), que, para ele, “será o dia do negativismo e da luta sem origem”. Pont afirmou que os trabalhadores defendem o fim da corrupção no país, mas por meio do fim do financiamento público de campanhas que mantém a influência do poder econômico na política e favorece os desvios. “Diferente desta mobilização do Movimento Brasil Livre, que não se sabe que é. Quem saiu para a rua hoje tem nome e telefone. São lideranças e categorias conhecidas que não servem de manobra para aqueles que querem construir um país sem o contraditório e o confronto de idéias. As eleições servem para estabelecer o que é a maioria. Isto é democracia”, argumentou Raul Pont.

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Bandeiras de partidos e faixas com críticas aos governos estadual e federal podiam ser vistas nas mãos dos manifestantes | Foto: Filipe Castilhos/Sul21

Cpers cobra atendimento do Ipê

A partir das 9h, o grupo se dividiu entre os ônibus, a Trensurb e carros mobilizados para transportar os grupos para os atos de Porto Alegre. O primeiro deles foi puxado pelo Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul (Cpers/Sindicato), em frente à sede do Instituto da Previdência do RS (Ipê). “Nosso Ipê Saúde é descontado todo mês e não temos atendimento. Médicos não estão querendo atender quem tem Ipê. Isto é um calote aos trabalhadores em Educação. Por isso, viemos denunciar”, contou a presidente Cpers, Helenir Oliveira. Os dirigentes foram recebidos pela diretoria administrativa do Ipê, que garantiu “que não há atrasos nos pagamentos, mas um jogo de resistência dos médicos para aumento salarial”.

Após a reivindicação pontual da categoria, o grupo de professores marcharia a Avenida Borges de Medeiros para encontrar com as demais centrais e movimentos sociais no Largo Glênio Peres. No entanto, não chegaram juntos ao ponto de encontro de todas as mobilizações desta quinta-feira. Parte do Cpers seguiu com carro de som a dirigente Neida de Oliveira, rumo ao Palácio Piratini. “Não vamos estar no dia 15 de março nas ruas, mas também não apoiamos protestos que defendem governos”, dizia Neida no microfone.

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Depois do Largo Glênio Peres, manifestantes se dirigiram para o Palácio | Foto: Filipe Castilhos/Sul21

PSOL e PSTU dividem movimentos

A poucos metros um do outro, os dois grupos do Cpers seguiram o mesmo caminho divididos. Um seguiu para se unir à CUT, Via Campesina e outros sindicatos de trabalhadores e o outro parou na Rua Jerônimo Coelho, para encontrar lideranças da Intersindical, PSTU e PSOL. Entre elas, Roberto Robaina e Luciana Genro. O grupo somou aproximadamente 250 pessoas.

Agendada também para acontecer nesta quinta-feira (12), a manifestação do PSOL e PSTU não teve ponto de encontro único. A estratégia foi desmobilizar os atos pró-governo Dilma deixando os grupos no meio do caminho. “O PSOL não se vincula a nenhuma manifestação que tenha lideranças que pedem golpe militar ou que tenham palanque para pessoas como Agripino Maia ou Aécio Neves. E também não se vincula com àqueles que apresentam saídas para o país pela direita. Nós queremos superar o governo Dilma pela esquerda, derrotando o ajuste fiscal que é apoiado pelo PSDB e coloca nas costas dos trabalhadores o preço da crise”, afirmou Luciana Genro.

Segundo ela, o partido não irá à manifestação do próximo domingo (15). “Não vamos participar desta manifestação com o PSDB e a direita em hipótese alguma”.

Por Filipe Castilhos/Sul21
Manifestantes da Via Campesina em marcha pelo centro | Foto: Filipe Castilhos/Sul21

 

 


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