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20 de agosto de 2014
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11:47

Pesquisa mapeia relação de jovens com a internet em todo o Brasil

Por
Sul 21
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Pesquisa mapeia relação de jovens com a internet em todo o Brasil
Pesquisa mapeia relação de jovens com a internet em todo o Brasil
Pesquisa pretende mostrar maneira como jovens brasileiros lidam com  a Internet Ramiro Furquim/Sul21
Pesquisa pretende mostrar maneira como jovens brasileiros lidam com a Internet|Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Caio Venâncio

Quanto tempo os brasileiros com idades entre 18 e 24 anos gastam por dia na Internet? O uso é para trabalho ou lazer? A conexão é discada ou banda larga? Os hábitos de quem navega pela rede em Rondônia são parecidos com os de quem faz isso em Santa Catarina?

Para responder a estas e outras perguntas, a Rede Brasil Conectado, formada por professores, pesquisadores e alunos universitários, lançou o Questionário da Pesquisa Nacional Jovem e Consumo Midiático em Tempos de Convergência (http://www.redebrasilconectado.com.br/). Esta é a parte final de um amplo estudo desenvolvido nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal que mapeia o consumo dos meios de comunicação, sobretudo os virtuais, para investigar as práticas  de jovens entre 18 e 24 anos na internet. A publicação ocorrerá a partir de fevereiro de 2015. O questionário pode ser respondido até o dia 9 de setembro.

Coordenadora da Rede Brasil Conectado, a professora do Núcleo de Pesquisa em Cultura e Recepção Midiática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Nilda Jacks, acredita que, em função de sua abrangência, esta pesquisa traz um aspecto de ineditismo. Equipes foram montadas em todas as unidades federativas do Brasil. Depois de definidas, cada uma delas realizou levantamentos históricos, geográficos, demográficos e culturais sobre sua localidade, que depois foram compartilhados com os acadêmicos de outras regiões. Assim, era possível compartilhar um pouco do que seria a enorme diversidade encontrada no Brasil. “Nossa ideia é pensar as práticas destes jovens num contexto sociocultural, daí a necessidade deste embasamento”, sustenta.

Embora um estudo semelhante com os hábitos de crianças e adolescentes pudesse dar mais perspectivas do que seria o consumo de informação num futuro próximo, Nilda conta que isso seria ainda mais difícil. “Teria que haver autorização dos pais, além de toda uma questão ética. Já foi bem complicado articular esta pesquisa em nível nacional”, ressalta.

 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Pesquisadores estão levantando dados sobre o uso da internet pelos jovens em todos os estados brasileiros|| Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Conclusões preliminares

Por enquanto, as conclusões obtidas são preliminares. Elas se baseiam nos estudos-piloto que foram aplicados presencialmente a dez jovens, sendo cinco homens e cinco mulheres, em cada um dos estados brasileiros. Conforme Nilda, as diferenças regionais são bastante grandes. Entre as regiões Norte e Sul, por exemplo, ainda que nas mesmas classes sociais, as formas de conexão variam consideravelmente. “No Acre e no Amapá a internet banda larga ainda é bastante restrita. Isso afeta a maneira como se navega, qual conteúdo é acessado, se fazem ou não downloads”, observa.

De um canto para outro do país, conforme pôde observar em viagens, a professora também relata que muda a maneira que os jovens vivem. Em alguns locais, costumam casar e ter filhos mais precocemente do que em outros.

Conforme pesquisadora, diferenças regionais influenciam consideravelmente maneira como pessoas navegam na rede mundial de computadores Foto: Cristina Leipnitz/PMPA
Diferenças regionais influenciam maneira de navegação na internet| Foto: Cristina Leipnitz/PMPA

O fato de o computador utilizado para acessar a Internet ser de uso coletivo ou individual muda consideravelmente o que as pessoas fazem nele. “Se o aparelho está na sala ou no quarto isso também afeta. Na primeira aquisição, o computador é normalmente de toda a família”, conta a pesquisadora.

Perfis

No estudo-piloto, dez perfis de Facebook, novamente de cinco homens e cinco mulheres, foram estudados em cada estado. A partir disso, 34 temáticas que apareceram repetidas vezes foram encontradas. Sem grandes surpresas, a primeira de todas elas são os relacionamentos. Depois, aparecem a música, fofocas, notícias, fatos sobre celebridades, entre outros. A política está entre os dez temas mais recorrentes, porém o debate não parece ser muito aprofundado, com predominância das críticas genéricas à classe política e à corrupção.

Nilda Jacks conta que até mesmo no questionário era difícil dar conta da diversidade brasileira. “Colocamos questões sobre preferências musicais, quais ritmos as pessoas mais gostavam, daí uma das opções era forró. Então, quando chegou lá pro pessoal do Nordeste avaliar eles disseram: ‘Mas como assim? Qual tipo de forró? Tem pelo menos uns três ou quatro’”, recorda, entre risos.

As diferenças se estendem também à economia, fazendo com que não seja possível dizer que uma pessoa que recebe um salário de determinado valor num município do Centro-Oeste tenha necessariamente o mesmo nível de vida daqueles que se sustentam com a mesma quantia mensal em São Paulo, por exemplo, onde os custos são mais elevados.

Fatores externos

Segundo Nilda, embora a tecnologia tenha avançado muito nos últimos anos, não é possível entender o aumento da presença da internet na vida dos brasileiros como algo dissociado do recente crescimento da Classe C, também conhecida como a nova classe média. “Nosso caso é especial. Aqui, a popularização dos meios digitais ocorreu simultaneamente à ascensão de um segmento social majoritário. São dois fatores de peso que convergiram. Em outros países, talvez este fenômeno não tenha esta dimensão”, analisa.


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