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26 de setembro de 2015
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16:44

Em defesa da Legalização do Aborto, Marcha Mundial das Mulheres chega ao Rio Grande do Sul

Por
Sul 21
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Nos dias 26, 27 e 28 de setembro, chega à região sul do país mais uma etapa da IV Ação Internacional das Marcha Mundial das Mulheres. Cerca de 500 mulheres estarão reunidas na fronteira das cidades de Sant’Ana do Livramento (RS), no Brasil, e Rivera, no Uruguai, para a Primavera pelo Direito ao Corpo e à Vida das Mulheres. No encontro, que receberá mulheres destes dois países e também da Argentina, serão debatidos a legalização e descriminalização do aborto sob diferentes perspectivas. Contextualizando a realidade de cada um dos países participantes, a programação contempla plenárias e outras atividades sobre a laicidade dos territórios, saúde, gênero e sexualidade.

#SomosTodasClandestinas

Estudos apontam que, no Brasil, quase 1 milhão de mulheres recorrem a procedimentos clandestinos para interrupção de gravidez. Estes números são extra-oficiais, já que a criminalização do aborto promove a subnotificação de casos pelo Sistema Único de Saúde. Na Argentina, os índices apontam cerca de 500 mil abortos clandestinos anualmente. Nos dois países, as mulheres precisam recorrer à clandestinidade, mas a realidade socioeconômica de cada uma das mulheres determina a segurança na realização do procedimento e, portanto, determina também quais mulheres seguirão suas vidas com qualidade física e psicológica, quando seguem, já que muitas delas perdem as suas vidas no processo. “O recorte de classe é evidente e determina quais mulheres morrem e quais mulheres seguem suas vidas. Aquelas com melhor condições financeiras têm a possibilidade de realizar o aborto em clínicas especializadas, enquanto mulheres pobres – majoritariamente negras – recorrem a métodos completamente invasivos e inseguros”, comenta Cintia Barenho, uma das coordenadoras da ação.

Diferentemente desses países, o Uruguai reconheceu em 2012 o direito das mulheres sobre o seu corpo e, hoje, as mulheres uruguaias podem realizar a interrupção da gravidez indesejada em segurança e na legalidade através do serviço de saúde, com uso de medicamentos. Um balanço oficial do governo uruguaio informou que, no período de um ano de vigência da Lei de Interrupção da Gravidez (lei de aborto), foram realizados quase 7 mil abortos seguros. E nenhuma mulher faleceu. No entanto, os movimentos feministas denunciam que o direito ainda não é pleno para as mulheres, havendo muita rejeição médica e discrepância em atendimentos entre aquelas que estão na capital e no interior do país.

Nem Papas, nem Juízes, as Mulheres que decidem

Diante dessa realidade regional, a “Primavera” terá como ponto forte a luta pelo direito ao aborto, uma das práticas que recebem hoje os maiores ataques conservadores e reacionários, em que mulheres são consideradas criminosas por decidirem sobre a maternidade. As mulheres que estarão reunidas nesta mobilização lutam por autonomia, pelo direito de decidir sobre o modo como vivem suas vidas e sexualidade e entendem como essencial a garantia do estado laico.

A Primavera pelo Direito ao Corpo e à Vida das Mulheres

Na construção da Primavera pelo Direito ao Corpo e à Vida das Mulheres, militantes do Brasil, Uruguai e Argentina se unem para fazer florescer a autonomia, a partir da troca, articulação e fortalecimento das lutas feministas. A região de fronteira foi escolhida para possibilitar e evidenciar este intercâmbio contra o poder médico e conservador. Confira toda a programação abaixo.

SEGUIREMOS EM MARCHA ATÉ QUE TODAS SEJAMOS LIVRES!

PROGRAMAÇÃO

((Dia 26/09 – Sábado))

MANHÃ

9h – Recepção & Acolhimento no Parque Internacional.

Credenciamento e chegada das excursões/delegações

12h – Almoço no Parque Internacional.

TARDE

Teatro Municipal “15 de Febrero” (Rivera – Uruguay)

14h30 às 16h30 – Painel a Conjuntura de Descriminalização e Despenalização do Aborto na Argentina, Brasil, Uruguai

16h30 às 17h30 – Feminismo por um mundo livre do machismo, da violência e da lesbifobia

18h30 às 19h – Colóquio de Parlamentares – Legislando para a promoção da autonomia do corpo e da vida das mulheres e  afirmação do Estado Laico

NOITE

A partir das 19h – Atividades culturais

((Dia 27/09 – Domingo))

MANHÃ

Na Unipampa

9:30h às 12h30 – Oficinas/Talleres

Serviços públicos de informações/acolhimento sobre o aborto e legislação pertinente

Saberes Populares e Tradicionais; Saúde e Ginecologia Natural

Mercantilização, Controle e medicalização do nossos corpos

Identidade de gênero, Autonomia do Corpo, Sexualidade: Heterossexualidade, bissexualidade, lesbianidade, transexualidades

Construção de Resistências pela vida das mulheres

Mulheres Negras em Marcha – Pelo direito ao corpo e à Vida das Mulheres

Políticas públicas de enfrentamento da violência e legislação

Educação Feminista – enfrentando o conservadorismo

13h às 14h – Almoço

 

TARDE

15h30 – Plenária Final Brasil-Argentina-Uruguai pelo Direito ao corpo e à Vida das Mulheres

Local: Teatro Municipal “15 de Febrero” (Rivera – Uruguay)

16h45mim – Ocupe a Praça com Feminismo

Local: Parque Internacional.

((Dia 28/09 – Segunda-feira))

9h – Concentração para Marcha Feminista Trinacional pelo direito ao corpo e a vida das mulheres

Local: Parque Internacional

 

 

 


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