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20 de dezembro de 2012
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20:01

Cpers: aumento do magistério tenta desmobilizar luta pelo piso

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Sul 21
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Para Cpers, Assembleia Legislativa fortalece governo fora da lei ao aprovar aumento | Foto: Carlos Macedo / Cpers

Rachel Duarte

Se com a aprovação do reajuste de 28,98% para o magistério o governo gaúcho pretendia ficar tranquilo em relação a saldar a dívida do piso nacional, ainda sub judice, o sindicato dos professores gaúchos, o Cpers, pretende lutar em contrariedade ao texto aprovado nesta quinta-feira (19). O projeto de lei reajusta o salário básico do magistério em três parcelas: 6,5%, em novembro de 2013, 6,5% em maio de 2014 e 13,72%, em novembro de 2014. Para a presidente do Cpers, Rejane de Oliveira, trata-se de “uma tentativa de desmobilizar a categoria” até a eleição de 2014.

O PL 256/2012 foi aprovado por 26 votos favoráveis e um contrário, do deputado estadual Catarina Paladini (PSB). No dia anterior (18), a sessão foi interrompida por falta de quórum pela ausência de Paladini e Cássia Carpes. Porém, no dia seguinte, foi sua presença que garantiu o número de parlamentares necessário para aprovação do projeto. Mesmo votando contra, ter contribuído para que houvesse quórum foi considerado uma traição pela direção do sindicato dos professores.

“Eu não dei quórum e sou contrário a este projeto. Eu cheguei a pedir a retirada do projeto na sessão. Não concordo com os índices propostos. É uma forma de prolongamento do pagamento até depois da eleição, em novembro de 2014. Considero um prejuízo para a categoria. Tudo indica que será uma discussão necessária para o parlamento em 2013”, disse Cássia Carpes (PTB).

“PT esteve na nossa casa dizendo que iria pagar o piso e agora tenta nos desmobilizar. Mas não irá conseguir”, diz Rejane de Oliveira | Foto: Galileu Oldenburg / Agência ALRS

A direção do Cpers promete colocar o descontentamento na rua a partir de março do ano que vem. “Houve uma tentativa de cooptar a categoria durante a eleição. O PT esteve na nossa casa pedindo apoio porque disse que iria pagar o piso e agora tenta nos desmobilizar. Mas não irá conseguir. Somos fortes e organizados”, promete Rejane.

Há duas semanas a direção do Cpers tenta demover o governo do projeto que terminou aprovado nesta quarta. Uma reunião com a bancada petista resultou em uma audiência com a Casa Civil. “Eles foram recebidos por todas as bancadas. Foi pedido a nós (PT) uma intermediação na negociação com o governo. Eles foram recebidos ainda na semana passada. Na verdade, o governo nunca se fechou. Agora, se o pleito todo não é atendido é outra coisa. Não pode ser considerado como não atendimento da categoria”, explica o líder da bancada e deputado estadual Edegar Pretto.

A categoria exigia que o pagamento ocorresse em uma única vez. Porém, o governo gaúcho considera estar concedendo um aumento significativo para os professores e um dos maiores dos últimos anos. “Esse reajuste, com quase 29%, somado aos outros durante quatro anos, são 76,65% de reajuste em um período que tem uma estimativa de inflação de 25%. Os outros governos deram aumentas inclusive abaixo da inflação”, compara Pretto.

O aumento parcelado não elevará os salários ao final da última parcela, em novembro de 2014, até o valor do piso nacional do magistério (R$ 1.451,00), afirma Rejane de Oliveira. “Tentamos dizer isso aos deputados e pedimos pagamento em uma única vez para ser considerado parte do piso. Mas a base aliada do governo Tarso preferiu se colocar como inimiga da educação”, fala a presidente do Cpers.

Petistas dizem que luta pelo piso do magistério virou disputa política para o Cpers

Cpers promete retaliação ao PT nas urnas em função do piso do magistério | Foto: Carlos Macedo / Cpers

A luta pelo piso do magistério no estado ultrapassou a instância sindical e virou objeto de disputa partidária entre os que estão dentro e fora do governo. No entendimento do presidente estadual do PT gaúcho, Raul Pont, é “lamentável e incompreensível o comportamento dos dirigentes do CPERS, que há muito tempo transformaram a entidade em instrumento de disputa política com o governo e não uma entidade de conquistas e avanços sindicais”.

Nesta quinta-feira (20), o informativo do parlamentar alega que o Cpers se juntou com a oposição conservadora que sempre prejudicou o magistério para tentar impedir a votação. “Uma diretoria cada vez mais distante dos professores(as), que não consegue mobilizar, pois os professores(as) sabem que o salário melhorou significativamente e vai atingir um enorme ganho real até 2014”, diz o documento.

A dirigente Rejane de Oliveira disse que os argumentos sobre partidarismo no sindicato são para desviar o foco de algo que “é indefensável”.  Ela considera que o PT é que sofre um desvio ideológico ao protelar o pagamento do piso fazendo uma política salarial aos moldes dos governos de direita. “Eles não se desvencilham da prática do PSDB. Nós não estamos mudando de lado, sempre estivemos na defesa do piso. Quem mudou de lugar foi o PT que passou a defender políticas iguais as do governo Yeda Crusius (PSDB)”, avalia.


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