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2 de dezembro de 2012
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12:10

Cinco chapas disputam eleição para novo DCE da UFRGS

Por
Sul 21
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Cinco chapas disputam eleição para novo DCE da UFRGS
Cinco chapas disputam eleição para novo DCE da UFRGS
As eleições ocorrem nos dias 4, 5 e 6 e dezembro, nas Unidades Acadêmicas | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Natália Otto

Nos dias 4, 5 e 6 de dezembro, os alunos da Universidade Federal do Rio Grando do Sul votarão para escolher a nova administração do DCE. Este ano, a chapa que assumir encontrará uma Universidade em transição e turbulência, devido à nova lei federal das cotas e aos recentes casos de violência ocorridos nos campi. Cinco chapas foram homologadas para a eleição: Da Unidade Vai nascer a Novidade; Cantamos, Porque Gritar Só Não Basta; Teu DCE; MEL – Movimento Estudantil Livre; e Que a UFRGS Se Pinte de Povo. As votações ocorrerão das 8h às 22h nas Unidades Acadêmicas.

A atual chapa do DCE, a Primavera, não irá tentar a reeleição. O Sul21 conversar com as lideranças das chapas sobre as principais propostas e as orientações políticas dos estudantes concorrentes.

Chapa 1: Da Unidade Vai Nascer a Novidade

A Chapa 1, Da Unidade Vai Nascer a Novidade, tem relação com a atual gestão. De acordo com a coordenadora-geral, Nathália Bittencurt, ela é formada por membros do DCE Primavera com o acréscimo de novas pessoas de diferentes coletivos. “Por isso não se pode dizer que é a chapa da situação”, afirma Nathália.

A chapa também tem grupos que fazem parte da gestão da chapa vencedora do DCE da PUCRS, a Quem É Estudante Também Vai Cantar. “Nossa batalha é por uma UFRGS mais pública e popular, por isso temos uma visão mais de esquerda”, explica a coordenadora. No entanto, ela ressalta que o grupo não é partidário. “Temos membros de diferentes partidos, como o PSTU, o Psol e o PCB, mas prezamos pela autonomia estudantil”, afirma.

A chapa é favorável às cotas e entende que as ações afirmativas devem vir acompanhadas de outras ações como o aumento das bolsas. Na questão da violência, muito discutida recentemente, Nathália afirma que “a segurança terceirizada é insuficiente e protege apenas o patrimônio, não as pessoas.” Eles defendem os concursos para a contratação de seguranças universitários, que, de acordo com a coordenadora, é mais bem preparado para lidar com a comunidade acadêmica.

Para Nathália, a exigência de deslocamento entre os campi em um mesmo dia é um problema para o estudante que trabalha. “Ao mesmo tempo que temos mais gente entrando na universidade, precisamos de mais melhorias. A UFRGS tem que se adaptar ao estudante, não o contrário”, defende.

Chapa 2: Cantamos, Porque Gritar Só Não Basta

A chapa 2 declara-se de esquerda. A maioria de seus integrantes está mais próximo ao PT, mas a chapa faz questão de declarar-se independente. A coordenadora geral, Laura Sito, afirmou que a chapa tem a proposta de criar políticas específicas para cotistas, ligadas à permanência do estudante. “Há a questão do cotista indígena, por exemplo”, considerou Laura. “Temos muitas reclamações de discriminação racial contra eles. Sabemos de alguns casos nos campi da área da saúde, entre outros. E a Universidade não tem um posicionamento nem propostas frente a isso”, criticou.

Entre as propostas da chapa também estão o aumento da bolsa de permanência, que hoje não abrange os 12 meses do ano. Outra questão relevante para o grupo é a “discriminação institucionalizada” que ocorre em cursos de grande entrada, nos quais se formam turmas de cotistas e turmas de não cotistas, devido ao resultado do vestibular. “Acaba que, no segundo semestre se formam turmas de cotistas. Isso nos cursos mais valorizados, como no Direito e na Medicina”, explicou Laura. A chapa propõe que se misture as turmas para que haja turmas mais heterogêneas e mais igualdade no tratamento.

Em relação à segurança nos campi, Laura afirmou que “a universidade não consegue ter uma relação com a comunidade em torno dela”, referindo-se especialmente ao Campus do Vale. “Há um processo de lacuna social que aumenta a violência”, considerou. Para a chapa, a instalação de câmeras de segurança e a realização de concursos para seguranças universitários seriam boas medidas para diminuir a criminalidade nos campi.

A chapa propõe que também que o Programa de Auxílio à Graduação, o PAG, que pretende ajudar os alunos que têm dificuldade com os conteúdos das aulas, tenha maior flexibilidade de horários para contemplar os estudantes trabalhadores. A abertura do Restaurante Universitário aos sábados também está na pauta do grupo.

Chapa 3: Teu DCE

A chapa 3, de acordo com seu presidente, Douglas Sandri, prefere não definir uma posição política. “Não achamos adequado, pois queremos representar todos os alunos e ser uma chapa plural”, explicou. “Nosso método de escolha não é em função de que as pessoas pensem igual, pelo contrário.” Sendo assim, o grupo também não tem orientação partidária. Os membros da gestão, no entanto, “são livres para ter ligação com qualquer partido, contanto que o partido não influencie na gestão do DCE”.

Em relação às cotas, Douglas afirmou que a pauta da chapa tem relação com a questão da permanência. “Cotista ou não, queremos que o estudante tenha condições de permanecer na universidade”, disse. “Queremos que Universidade tenha programas de auxílio à graduação que façam com que os alunos tenham uma boa estada e consiga concluir o curso”.

Para a segurança, Douglas afirmou que a chapa tem propostas “práticas”, como o uso de tecnologia e a humanização dos campi. “Precisamos não apenas de câmeras, mas de pessoas assistindo a essas transmissões”, considerou. A respeito de um policiamento por parte da Brigada Militar nos campi, Douglas afirmou que é preciso haver uma consulta pública dos estudantes da UFRGS para decidir o posicionamento da gestão.

A chapa defende a flexibilização dos currículos dos cursos para que, se possível, cada aluno tenha pelo menos um turno livre. “Assim, o estudante pode fazer atividades extra classe, como trabalhar, estagiar, fazer projetos de extensão e bolsa de pesquisa”, argumentou o presidente. De acordo com Douglas, a gestão, se eleita, terá uma coordenadoria para tratar deste assunto.

Chapa 4: MEL – Movimento Estudantil Liberdade

Dentre as cinco chapas, a 4 é a única que se declara politicamente de direita. Ainda assim, o presidente da chapa, José Garibaldi Brilhante, afirmou que o grupo não tem ligação partidária. “O DCE tem servido de trampolim para que militantes profissionais consigam cargos públicos através do movimento estudantil”, criticou Garibaldi. “Simos contra isso. Não estamos pensando em galgar postos, queremos trabalhar para o estudante”.

A MEL posiciona-se contra as cotas raciais e a favor das cotas sociais, “para que só entre quem não consiga pagar uma universidade privada”. Sobre a questão, Garibaldi afirmou: “Durante décadas, quem fica em frente ao DCE sempre colocou pautas e lutas para fora dos portões, como a questão do 10% do PIB para a educação e a questão das cotas raciais. Achamos que a Universidade tem problemas de segurança e infraestrutura, por exemplo, que têm que ser atacados antes”. Para o presidente, as chapas prometem coisas que não têm capacidade de realizar ou que estão fora de sua área de atuação. “Não é da alçada do DCE discutir ou mudar assuntos como as cotas raciais”, afirmou.

No que diz respeito a segurança, a chapa 4 diverge das outras ao apoiar a presença da Brigada Militar nos campi. “Queremos fazer esse tipo de aproximação, criar um convênio com a BM. Obviamente isso só pode ser feito até debate com a reitoria e o estado”, considerou Garibaldi. Para ele, os seguranças contratados ou concursados não têm competência para fazer o trabalho da Brigada. “Então apoiamos a segurança da Brigada ao redor dos campi e até um policiamento ostensivo dentro deles”, afirmou.

A MEL ainda tem como proposta a criação de um espaço de ligação entre estudantes e empresas dentro do DCE, para que possam ocorrer contratações de estagiários por intermédio da gestão. “Não temos como dizer que queremos aumentar a bolsa do estagiário, por exemplo, porque não temos competência oficial para isso”, argumentou o presidente.

Chapa 5: Que a UFRGS Se Pinte de Povo

A chapa 5 propõe uma gestão horizontal e, por isso, não possui presidente ou coordenador geral. Ramiro Castro, do GT de articulação política, afirmou que a chapa declara-se de esquerda, porém não têm ligação com partidos. “É bem plural, temos coletivos que fazem parte de partidos e outros que não. Há pessoas de setores do PT, do Levante da Juventude, e várias pessoas independentes”, afirmou.

Sobre as cotas, Castro afirmou que a chapa quer “a implementação da lei federal de 50% de cotas para ontem, para o próximo vestibular”. Ele afirmou que membros da gestão já “tocam esta pauta” há anos.

No que diz respeito a segurança, as propostas incluem a ocupação dos campi – inclusive nos finais de semana, e não apenas por alunos, mas também por pessoas das comunidades ao redor da universidade. “Isso acarreta em mudanças na estrutura e na iluminação”, argumentou Castro. Eles também defendem a abertura de concursos públicos para seguranças universitários.

A assistência estudantil e a permanência são o “eixo central” da plataforma política da chapa, de acordo com o presidente. “Muitos membros da gestão tocam este movimento pela educação, assistência e permanência. Achamos que temos que lutar fora da Universidade também, e não esperar virar gestão do DCE para isso”, afirmou Castro.


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