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29 de novembro de 2012
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16:40

Em Porto Alegre, autoridades confiam em reconhecimento da Palestina pela ONU

Por
Sul 21
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Enviado do governo palestino Nabil Shaat acredita na vitória do reconhecimento do estado palestino junto à ONU | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Rachel Duarte

As autoridades palestinas que participam nesta quinta-feira (29) do Fórum Mundial Palestina Livre, em Porto Alegre, estão confiantes da votação favorável ao reconhecimento do estado palestino na Assembleia Geral da ONU. Enquanto as nações decidem a resolução que altera o status da Autoridade Palestina de “entidade” observadora para “Estado não-membro”, em Nova York, a sociedade internacional apoiava a luta pela autodeterminação do povo palestino no evento realizado no Rio Grande do Sul. “Temos esperança de que vamos dar este passo importante para a luta dos direitos palestinos”, disse Nabil Shaat, enviado especial do presidente da Palestina, Mahmoud Abbas.

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Para Nabil Shaat, o reconhecimento das Nações Unidas será um avanço em termos de garantias de direitos para o estado palestino. “Temos que conseguir que as leis internacionais, das convenções internacionais de direitos humanos e fóruns internacionais sejam cumpridas pelo estado de Israel. Precisamos de apoio internacional para nossa resistência aos crimes cometidos por Israel”, disse.

Com o reconhecimento da Palestina pelas Nações Unidas, os palestinos poderão acessar o Tribunal Penal e a alguns outros organismos internacionais. Por esta razão houve pressões às autoridades palestinas ao longo da semana, no sentido de impedir a ida do presidente Mahmoud Abbas à Assembleia da ONU. “Eles não querem que acessemos os tribunais internacionais. Ainda ontem (28) o presidente foi pressionado de diversas formas. Eles não querem que denunciemos que os israelenses estão cometendo crimes violentos contra os palestinos”, falou o chefe de Relações Internacionais da Al Fatah.

“Os israelenses não querem que denunciemos os crimes de direitos humanos contra palestinos nos organismos internacionais”, diz Nabil Shaat | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

A Assembleia-Geral da ONU deve reconhecer a Palestina como um Estado soberano, apesar das ameaças dos EUA e de Israel de punir a Autoridade Palestina, retendo verbas importantes para o governo da Cisjordânia. O presidente palestino, Mahmoud Abbas, obteve o apoio de mais de uma dúzia de países europeus, após um conflito de oito dias, neste mês, entre Israel e militantes islâmicos palestinos na Faixa de Gaza.

Os palestinos contam também com forte apoio das nações em desenvolvimento, que compõem a maioria do plenário. Para que a medida seja aprovada, basta a maioria simples entre os países da ONU. Os palestinos esperam ter pelo menos 130 votos. Segundo o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Al Zeben, o resultado da votação na ONU, que será oficializado a partir do final da tarde desta quinta-feira (29), será favorável ao reconhecimento do estado palestino. “Estamos confiantes. Vamos dar um passo para poder resolver outros temas. Passar a negociar lado a lado com Israel, como dois estados. Tudo terá que ser negociado com base no direito internacional. Não será mais uma decisão de Israel dizer se somos ou não estado. Com isso poderemos negociar temas pendentes entre os dois povos para alcançar uma paz duradoura”, avaliou.

A partir do reconhecimento do estado palestino, o embaixador prevê que a comunidade internacional terá mais legitimidade para apoiar os palestinos e combater os crimes de direitos humanos que ditam a norma dentro dos territórios segregados. “Nosso território será território ocupado de um estado soberano e não um território disputado como Israel e os colonos querem aparentar. Seremos um estado reconhecido pelas Nações Unidas, com delimitação física de área e organismos internacionais que podem assegurar leis e interferir. Passará a valer a força do direito e não o direito da força”, falou Ibrahim Al Zeben.


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