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15 de maio de 2012
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15:44

Hollande assume presidência da França e defende um novo rumo para a Europa

Por
Sul 21
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Multidão comemorou nas ruas a vitória de Hollande nas eleiçoes francesas | Foto: Partido Socialista

Da Redação
Atualizado às 17h07

O socialista François Hollande assumiu a presidência da França na manhã desta terça-feira (15). Em seu primeiro discurso como chefe da nação, ele prometeu “um novo rumo para Europa” e garantiu que irá lutar contra todas as formas de discriminação.

A cerimônia de posse foi bastante sóbria e demonstrou um pouco o perfil do novo presidente: uma pessoa que preza pela formalidade e que não deve misturar sua vida pessoal com o cargo que exerce. Analistas franceses já comentam que o estilo é bastante oposto ao jeito de “novo rico” do ex-presidente Nicolas Sarkozy.

A relação com a imprensa também deve mudar. O ex-presidente tinha um estilo mais explosivo e não poupava críticas, inclusive, aos meios públicos de comunicação. Em conversa informal com jornalistas na segunda-feira (14), Hollande disse estar consciente de que não pode esperar a condescendência da imprensa com ele e afirmou que “nessa relação não há piedade”.

Nenhum dos quatro filhos de Hollande com a ex-presidenciável Ségolène Royal estava na solenidade, nem os três filhos de sua atual companheira, a jornalista Valérie Trierweiler – única pessoa do círculo pessoal de relações do novo presidente que compareceu à posse.

Às 10h desta terça-feira (5h da manhã no horário de Brasília), o socialista chegou ao Palácio do Eliseu, em Paris, e foi recebido por Sarkozy. Os dois se reuniram a portas fechadas por cerca de meia hora, ocasião na qual o ex-presidente passou ao seu sucessor os códigos do armamento nuclear do país.

Divulgação
Novo presidente não faz coro ao discurso xenófobo que ameaça o país | Foto: Divulgação

Após se despedir do adversário, Hollande realizou o primeiro discurso como sétimo presidente da 5ª República e 24º presidente da história francesa. Ele disse que irá conduzir o governo “com dignidade e simplicidade” e prometeu lutar “contra o racismo, contra o antissemitismo e contra todas as discriminações”.

Em termos de política interna, a mensagem do novo presidente foi um claro sinal de que deseja reverter a onda de xenofobia que ameaça o país, insuflada pelo discurso anti-imigração da extrema-direita, que encontrava respaldo nas ações e convicções de Sarkozy. “Nossas diferenças não devem vir das divisões, das nossas diversidades e discórdias”, disse o socialista.

Ele também lembrou das dificuldades econômicas enfrentadas pelos franceses e afastou a possibilidade de aplicar o receituário neoliberal de corte de gastos e extinção de direitos sociais. “Meço o peso dos problemas que devemos enfrentar: uma grande dívida, um crescimento frágil, um desemprego elevado, uma competitividade degradada, uma Europa que sofre para sair da crise”, reconheceu, acrescentando que “não há fatalidade” – termo utilizado por Hollande para qualificar as políticas de austeridade implementadas pela maioria dos governos europeus que tentam sair do atoleiro econômico-financeiro.

Presidente viaja para a Alemanha logo após a posse

Tão logo assumiu a presidência da França, o socialista François Hollande já faz seu primeiro movimento na política internacional: viaja ainda hoje para Berlim para se reunir com a chanceler alemã Angela Merkel. A líder da principal economia europeia era extremamente afinada com o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy e é a principal defensora das políticas de austeridade no continente.

Angela Merkel se encontrará ainda nesta terça-feira com Hollande | Foto: Wolrd Economic Forum

Eleito com um discurso oposto a essa prática, Hollande tentará irá propor a Merkel um novo pacto para diminuir as dívidas públicas na Europa e estimular a economia. Além da renegociação do pacto fiscal europeu, o novo presidente francês anunciou outra medida de política internacional que terá repercussões do outro lado do Oceano Atlântico: prometeu a retirada dos soldados franceses do Afeganistão até dezembro deste ano, em prazo diferente do acordado entre o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o antecessor de Hollande.

Deputado socialista Jean-Marc Ayrault será novo primeiro-ministro

O novo presidente da França, François Hollande, nomeou na tarde de terça-feira (15) o deputado Jean-Marc Ayrault, de 62 anos, como primeiro-ministro do país. Ele teve o nome confirmado pelo secretário-geral do Palácio do Eliseu, Pierre-René Lemas.

Jean-Marc Ayrault sucede François Fillon, primeiro-ministro do governo de Nicolas Sarkozy (no período de 2007 a 2012). Como Hollande, Ayrault estreia no Executivo. Líder dos socialistas na Assembleia Nacional, Ayrault é deputado desde 1986. Conselheiro especial de Hollande durante a campanha presidencial, o novo primeiro-ministro é professor de alemão e estudioso da história da Alemanha. A primeira missão de Jean-Marc Ayrault é colaborar com Hollande na formação de um novo governo, a ser anunciado na quarta-feira (16).

A biografia de Ayrault sofreu um abalo em 1997, com a denúncia e posterior condenação por favorecimento em um concurso feito pela Câmara Legislativa de Nantes, no Norte da França. Na ocasião, a Justiça o condenou a seis meses de prisão, mas a pena trocada por uma multa de cerca de 5 mil euros.

Com informações da Rádio France Internacional, do Terra e do G1.


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