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21 de março de 2012
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20:14

Software inteligente fará cerco a roubo de veículos em seis cidades gaúchas

Por
Sul 21
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Projeto visa reduzir a criminalidade na Grande Porto Alegre | Ramiro Furquim/Sul21

Rachel Duarte

O governo gaúcho está estudando a implantação de um sistema inteligente para monitoramento de câmeras e leitores de placas para cercar a Região Metropolitana e reduzir a criminalidade. O foco do software, em funcionamento em prefeituras paulistas, é inibir roubos e furtos de veículos, mas a tecnologia é capaz de auxiliar a detectar outras formas criminosas, como tráfico e estelionato. O projeto foi apresentado pela Granpal (Associação dos Municípios da Grande Porto Alegre) e acatado pelo governador Tarso Genro. A proposta tramita na Secretaria Estadual de Segurança Pública e custará R$ 11 milhões. Os primeiros contemplados com a chamada “Cerca Eletrônica” serão Porto Alegre, Canoas, Gravataí, Alvorada, Cachoeirinha e Viamão. A previsão é começar o monitoramento até o início de 2013.

Um dos quatros estados com maior incidência de roubos e furtos de automóveis, o Rio Grande do Sul contabilizou uma média de 900 casos/mês em 2011. A iniciativa de propor uma solução ao problema, utilizando os recursos tecnológicos como aliados, partiu dos prefeitos das cidades com maior incidência destes crimes.

A inspiração do futuro cercamento eletrônico gaúcho foi o modelo adotado pela Prefeitura de Indaiatuba há três anos e que reduziu pela metade os índices de roubos e furtos. Com tecnologia brasileira, o software de monitoramento de placas foi aperfeiçoado de uma experiência em uma cidade vizinha. “Aqui nós cercamos mais. São 39 pontos de monitoramento na cidade. Em Itatiba (SP) a redução foi maior. Chegou a 70%, mas, lá, a cidade é menor. Em 26 meses, reduzimos os roubos e furtos em 55%”, conta o secretário de Defesa e Cidadania de Indaiatuba, Alexandre Guedes Pinto.

Experiência paulista reduziu pela metade roubos e furtos

Centro de Operações e Inteligência de Indaiatuba. Foto: GMI

De acordo com o secretário paulista, o sistema inteligente possibilita a fiscalização sem funcionários durante 24 horas.  Com o registro das placas dos automóveis no sistema, o programa cruza os dados das entradas e saídas dos veículos na cidade. Os veículos suspeitos são identificados pelo software com um alarme para o Centro de Operações e Inteligência (COI) que aciona as viaturas da Guarda Municipal. “A maioria das cidades tem monitoramento veicular, mas, não tem inteligência. O sistema cruza dados de todas as entradas e saídas de 110 mil placas cadastradas. Emitimos relatórios diários e a cada denúncia pelo disque da Guarda Municipal ou ocorrência de roubo ou furto podemos acessar este veículo”, explica.

Foto: GMI

O programa faz sozinho o que um policial leva seis horas de trabalho para fazer diante de oito câmeras. “São mais de 70 câmeras em 38 pontos. Temos a integração das imagens das demais câmeras de segurança da cidade. Temos capacidade de auxiliar a solucionar e prevenir vários tipos de crimes, pois, a maioria deles é praticada por sujeitos em carros ou motos. Dificilmente se assalta, rouba ou sequestra em bicicleta ou veículos de grande porte”, compara.

O modelo paulista adotado na cidade de Indaiatuba é inédito e já foi apresentado às polícias de Miami (EUA) e Buenos Aires (Argentina). O projeto custou cerca de R$ 3 milhões e em três anos auxiliou 162 ações com 98 indiciados e a apreensão de 118 veículos. O diferencial no plano anticrime de Indaiatuba é também cruzar dados com um sistema policial de ocorrências. “Atuamos de forma integrada. A Guarda Municipal é armada e preparada para atuar em flagrantes e divide o trabalho com a Polícia Militar”, cita o secretário Guedes.

Coordenador Proesci, Carlos Santana está articulando a implantação do cerco eletrônico no RS./Foto:Prefeitura de Carlos Barbosa

Comitiva gaúcha vai à Indaiatuba nesta quinta

Nesta quinta-feira (22), o coordenador do Programa Estadual de Segurança com Cidadania (Proesci), Carlos Santana, irá visitar a cidade paulista de Indaiatuba para conhecer o sistema e o Centro de Operações e Inteligência.  “O projeto é bom, mas queremos ter ideia de quanto e de que forma aconteceram as reduções nos crimes para poder analisar a aplicabilidade para a nossa realidade. Lá é um município, aqui será uma capital e a Região Metropolitana”, fala.

De acordo com Santana, a cerca eletrônica será implantada pela Granpal e monitorada pelo governo gaúcho. “Vamos assinar um convênio até abril e repassar os recursos. O projeto nos foi apresentado e estamos analisando as especificidades e equipamentos necessários. A operação do sistema será feita pelas guardas dos municípios contemplados e as polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal”, explica sobre as forças necessárias para monitorar as estradas federais que interligam os municípios da grande Porto Alegre.

Na primeira fase do projeto serão monitorados os municípios de Porto Alegre, Canoas, Cachoeirinha, Viamão, Alvorada e Gravataí. “No segundo momento incluiremos São Leopoldo e Novo Hamburgo que têm indicadores altos de roubos e furtos de veículos”, prevê Santana.

Pelo menos 96 cruzamentos dessas cidades receberiam o cerco eletrônico. O cruzamento de dados entre os municípios, com este sistema implantado, permitirá a identificação de todos os veículos que entram e saem da região, mas, depende do acordo entre os prefeitos. “É possível cruzar com dados de outros estados que também tenham o sistema, mas, sempre dependerá da autorização dos municípios”, alerta o secretário paulista Alexandre Guedes.


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